
Era por volta das 7h da manhã quando os moradores da Tijuquinha acordaram com um barulho diferente. Não era o habitual movimento da comunidade na Zona Sul do Rio, mas algo mais decisivo: o ronco de máquinas pesadas chegando para cumprir uma missão que já deveria ter acontecido há tempos.
Um prédio de três andares — construído completamente fora das normas — estava com os dias contados. A prefeitura, finalmente, havia decidido agir.
O flagrante que acelerou tudo
Parece que a situação chegou a um ponto sem volta no último dia 8 de outubro. Durante uma vistoria de rotina — dessas que às vezes acontecem quando menos se espera — os fiscais se depararam com uma obra em andamento que simplesmente ignorava todas as regras básicas de segurança.
E não era pouca coisa. Três andares erguidos sem a menor autorização, em um terreno que claramente não comportava tanta estrutura. O laudo técnico foi direto: risco iminente de desabamento. A situação era tão grave que nem precisou de muita discussão — a demolição se tornou a única opção viável.
Imagina o susto dos vizinhos. Do nada, descobrir que moram ao lado de uma bomba-relógio prestes a explodir.
Operação durou o dia inteiro
A ação começou cedo e se estendeu por nada menos que oito horas seguidas. A Rua São Miguel, onde o prédio irregular estava fincado, precisou ser completamente interditada. Dois caminhões, uma escavadeira hidráulica e uma equipe de 15 profissionais trabalharam sem parar.
O barulho das máquinas quebrando concreto ecoou pela comunidade inteira. Pedaços de parede caindo, ferros retorcidos aparecendo onde deveria haver estrutura sólida — uma cena que, francamente, dava até medo de ver.
E olha que o prefeito Eduardo Paes não brinca em serviço quando o assunto é construção irregular. Desde 2021, ele tem um decreto específico que permite a demolição sumária de imóveis nessas condições. A burocracia, que normalmente arrasta esses processos por anos, é cortada pela raiz quando há risco comprovado.
Um problema que se repete
O que me faz pensar: quantos outros prédios assim ainda existem espalhados pela cidade? A Tijuquinha é só mais um capítulo de uma história que se repete em várias comunidades do Rio.
A prefeitura, é claro, jura de pés juntos que não para de fiscalizar. Eles têm um programa específico para monitorar construções irregulares, especialmente em áreas de risco. Mas a verdade é que, muitas vezes, só agem quando a situação já está no limite.
Enquanto isso, moradores seguem vivendo em edifícios que podem desabar a qualquer momento — um jogo de roleta-russa que ninguém deveria ser obrigado a jogar.
Agora, o terreno na Tijuquinha está vazio. Restou apenas entulho e a lembrança do que poderia ter sido uma tragédia anunciada. A prefeitura garante que vai monitorar o local para evitar novas construções irregulares.
Mas a pergunta que fica é: será que aprendemos a lição? Ou em algumas semanas outro prédio começará a subir no mesmo lugar, repetindo todo esse ciclo absurdo?