
O Rio Negro, com suas águas escuras e misteriosas, guardava uma cena que ninguém esperava ver numa tarde comum. Lá estava ela, uma onça-pintada adulta, nadando com dificuldade — e carregando na cabeça uma marca de violência humana que quase lhe custou a vida.
O que aconteceu exatamente? Bom, segundo os especialistas do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM), essa guerreira das matas foi atingida por um tiro de espingarda. Na cabeça. E ainda assim conseguiu chegar até o rio em busca de ajuda, ou quem sabe de refúgio.
O Resgate que Parecia Impossível
Quando a equipe de resgate chegou, a situação era tensa. Imagine só: uma onça de porte considerável, ferida, assustada e — vamos combinar — com toda a razão para desconfiar de humanos. O biólogo do IPAAM, Felipe Bemerguy, contou que o animal apresentava "um ferimento por arma de fogo na região da cabeça".
O procedimento de sedação foi delicadíssimo. Um erro mínimo e tudo poderia terminar em tragédia. Mas, milagre ou competência — provavelmente ambos —, conseguiram imobilizar a onça e transportá-la em segurança.
O Que Aconteceu Antes do Rio?
Aqui é que a coisa fica ainda mais intrigante. O local do resgate foi perto da comunidade Nossa Senhora de Fátima, no rio Cuieiras — um afluente do Negro. A pergunta que não quer calar: como essa majestade das florestas foi parar ali, baleada e à deriva?
Os veterinários que a examinaram ficaram pasmos com a resistência do bicho. Levar um tiro na cabeça e ainda ter forças para nadar? Isso é coisa de cinema, mas aconteceu de verdade aqui na nossa Amazônia.
E Agora, José?
A onça seguiu para o Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS) do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). Lá, vai passar por exames mais detalhados e — torçamos — se recuperar completamente.
Enquanto isso, as autoridades ambientais abriram uma investigação para descobrir quem foi o responsável por esse atentado contra nossa fauna. Crime ambiental desse nível não pode — e não vai — ficar impune.
O caso dessa onça nos faz pensar: até quando vamos conviver com histórias assim? Um animal símbolo da nossa biodiversidade, majestoso e importantíssimo para o equilíbrio ecológico, sendo tratado como alvo. A ironia é que a mesma bala que tentou matá-la pode acabar revelando uma rede de crimes ambientais que precisamos combater com urgência.
Que essa história tenha um final feliz — e que sirva de alerta para quem ainda acha que a natureza é inimiga.