
Era uma daquelas tardes quentes e preguiçosas típicas do litoral paulista quando o fotógrafo se deparou com algo que poucos têm o privilégio de testemunhar. A cena — digna de documentários da BBC — se desenrolava silenciosamente nas águas tranquilas de um lago próximo ao Rio Santos, em Bertioga.
Lá estava ela: uma cobra-d'água, dessas que muita gente confunde com espécies venenosas, executando com maestria aquilo que a natureza lhe ensinou há milênios. A presa? Uma tilápia desprevenida que, diga-se de passagem, nem percebeu o perigo que se aproximava.
O ballet predatório que poucos veem
O que mais impressiona — além da obvious skill da serpente — é a naturalidade com que tudo acontece. Não há dramaticidade excessiva, não há trilha sonora épica. Apenas a crua e fascinante realidade do mundo animal, que segue seu curso independentemente de plateias.
"A gente até esquece que essas interações acontecem o tempo todo", reflete o fotógrafo, ainda maravilhado com a sorte de ter captado o momento. "Mas ver de perto... é outra coisa completamente diferente".
Um prato cheio para os amantes da herpetologia
Para os leigos, pode parecer apenas uma cobra comendo um peixe. Mas os especialistas sabem que cada detalhe dessa interação é um capítulo inteiro de adaptação evolutiva. A cobra-d'água (Helicops modestus, para os íntimos) é uma nadadora excepcional, com narinas e olhos posicionados no topo da cabeça — perfeito para emboscadas aquáticas.
E as tilápias? Bem, elas são praticamente o fast food preferido dessas serpentes. Nutritivas, abundantes e — vamos combinar — um tanto distraídas.
Por que esses registros importam?
Além do óbvio valor estético e científico, fotografias como essa servem como lembrete crucial: a natureza não precisa de cenários exóticos para nos surpreender. Às vezes, a drama mais fascinante acontece bem debaixo de nossos narizes — ou, neste caso, a poucos quilômetros da movimentada praia de Bertioga.
É também um alerta sutil sobre a importância de preservarmos esses ecossistemas que, embora pareçam comuns, abrigam interações complexas e essenciais para o equilíbrio ambiental.
Da próxima vez que você passar por um lago aparentemente tranquilo, lembre-se: pode estar acontecendo um drama aquático digno de Oscar logo ali, sem plateia nem aplausos. Apenas natureza, sendo incrivelmente... natural.