Sabesp Adquire EMAE e Entra de Vez no Mercado de Energia: O Que Isso Significa para SP
Sabesp compra EMAE e entra no mercado de energia

Parece que a Sabesp decidiu que água e energia, afinal, são uma combinação perfeita. Nesta semana, a companhia de saneamento deu um passo ousado — e vamos combinar que bastante estratégico — ao assinar a compra da EMAE, Empresa Metropolitana de Águas e Energia, por nada menos que R$ 1,8 bilhão.

O negócio, aprovado pelo governador Tarcísio de Freitas, não é exatamente uma surpresa para quem acompanha os bastidores, mas sem dúvida marca um ponto de virada importante. A Sabesp, que já domina as águas paulistas, agora resolveu mergulhar de cabeça no setor elétrico.

O que muda na prática?

Bom, a EMAE não é qualquer empresa. Ela opera sete usinas hidrelétricas — algumas delas com quase um século de história — que juntas têm capacidade para gerar 266 megawatts. Para colocar em perspectiva, isso é energia suficiente para abastecer uma cidade de aproximadamente 500 mil habitantes. Não é pouca coisa.

Mas o que realmente chama atenção são os planos para a Represa Billings. Aquela imensidão de água que banha parte da Grande São Paulo pode ganhar uma função adicional muito importante: virar fonte de abastecimento público.

O desafio da Billings

Aqui está o pulo do gato. A Billings tem um problema crônico de poluição — consequência direta do crescimento desordenado ao seu redor. A Sabesp já tentou tratar essa água antes, mas esbarrou na complexidade técnica e, vamos ser sinceros, nos custos envolvidos.

Com a aquisição da EMAE, a companhia ganha controle total sobre a represa. E isso muda completamente o jogo. Agora, fica mais viável — e economicamente interessante — investir pesado em estações de tratamento modernas.

Imagine só: a Billings, que hoje serve principalmente para geração de energia, poderia ajudar a matar a sede de milhões de paulistas. Em tempos de crise hídrica — que parece ter virado nossa nova realidade — essa é uma notícia que traz certo alívio.

Os números do negócio

  • Valor da transação: R$ 1,8 bilhão
  • Usinas adquiridas: 7 hidrelétricas
  • Capacidade geradora: 266 MW
  • Empregos mantidos: Todos os 650 funcionários da EMAE
  • Dívidas assumidas: R$ 1,2 bilhão

Ah, e tem um detalhe importante: os trabalhadores da EMAE não precisam se preocupar. O acordo garante a manutenção de todos os 650 empregos — algo raro nesse tipo de transação, convenhamos.

E os consumidores?

A pergunta que todo mundo faz: isso vai significar conta de luz mais barata? A Sabesp é cautelosa na resposta, mas deixa claro que a sinergia entre os dois sistemas — água e energia — pode trazer eficiências importantes. Traduzindo: em teoria, sim, pode resultar em economias.

Mas o grande ganho, pelo menos no médio prazo, pode estar mesmo no abastecimento de água. A Billings tratada representaria uma reserva estratégica valiosíssima para a região metropolitana, especialmente nos períodos de estiagem que tanto nos assombram.

O que me faz pensar: será que finalmente estamos aprendendo a lidar com nossos recursos naturais de forma mais inteligente? Esta aquisição da Sabesp parece indicar que sim — ou pelo menos que estamos tentando.

Resta torcer para que os planos saiam do papel e que, em alguns anos, possamos olhar para trás e ver este domingo de outubro como um daqueles dias que realmente fizeram diferença para São Paulo.