
Parece coisa de filme de ficção científica, mas é a pura realidade capixaba: a energia que simplesmente desaparece nos fios da rede de distribuição entre janeiro e julho deste ano daria para manter uma cidade de 180 mil habitantes funcionando por um mês inteiro. Um verdadeiro absurdo, não?
Os números são da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee) e mostram que o problema vai muito além de um simples "gatinho" aqui e ali. Estamos falando de perdas técnicas — aquela energia que se perde naturalmente pela física do sistema — e as não técnicas, que incluem desde fraudes até falhas de medição.
O que significa essa energia toda?
Pra você ter ideia da dimensão do buraco, a energia perdida no período equivaleria a:
- Abastecer aproximadamente 60 mil residências durante um mês
- Carregar 15 milhões de smartphones por um ano inteiro
- Manter todas as luzes de Vitória acesas por 45 dias
E o pior? Quem acaba pagando por essa ineficiência somos nós, consumidores. Sim, porque esses custos são repassados direto para a nossa conta de luz. É como se estivéssemos financiando o desperdício com o suor do nosso trabalho.
Um problema nacional
O Espírito Santo não está sozinho nessa fria. O Brasil inteiro sofre com perdas na distribuição que beiram os 15% — um índice que deixaria qualquer país desenvolvido de cabelos em pé. Enquanto na Europa eles se contentam com perdas de 6-7%, aqui parece que normalizamos jogar energia (e dinheiro) literalmente pelo ralo.
As distribuidoras capixabas até que tentam — investem em tecnologia, trocam medidores antigos, caçam fraudes — mas a sensação é de enxugar gelo. A cada passo dado, surgem novos desafios.
E agora, José?
Especialistas apontam que a solução passa por um mix de coisas: smart grids (redes inteligentes), investimento pesado em modernização e, claro, conscientização da população. Porque não adianta nada a empresa fazer a parte dela se o consumidor continua dando jeitinho de burlar o relógio.
O que me preocupa é que, com a crescente eletrificação de tudo (carros, casas, indústrias), esse problema tende a piorar se não tomarmos medidas drásticas. E rápido.
Enquanto isso, seguimos pagando uma das energias mais caras do mundo para ver uma parte significativa dela virar fumaça. Literalmente.