
O número é assustador — e, pasmem, pode ser ainda maior. Só em 2025, a Linha Verde, canal do Disque Denúncia do Rio especializado em receber informações sobre crimes ambientais, já registrou mais de 700 ocorrências relacionadas a maus-tratos contra animais. Setecentas. Dá até uma angústia no peito só de pensar.
E olha que a gente tá falando de um serviço que mal completa dois anos de existência, sabiam? Foi lançado em setembro de 2023, numa parceria entre o Instituto de Segurança Pública (ISP) e a Secretaria de Estado do Ambiente e Sustentabilidade. A ideia era nobre: dar um canal específico, seguro e anônimo para a população fluminense reportar agressões à fauna e ao meio ambiente.
Mas os dados que surgiram… meu Deus. Eles mostram uma realidade dura, que muitos preferem ignorar. Do total dessas denúncias, um terço esmagador — vejam bem — envolve casos gravíssimos: envenenamento, espancamento e abandono deliberado. São cenas de horror que acontecem bem debaixo dos nossos narizes, muitas vezes dentro de casa.
Os números não mentem (e doem)
Olhando de perto, a distribuição dos crimes é a seguinte:
- Envenenamento: lidera o ranking macabro, com 133 registros. Alguém colocar veneno num ser indefeso é de uma covardia sem tamanho.
- Espancamento: vem logo atrás, com 97 casos. Violência pura, gratuita.
- Abandono: 91 animais deixados para trás como se fossem lixo.
- Aprisionamento em condições deploráveis: 54 situações de confinamento cruel.
- Negligência em geral: outros 48 registros de puro descaso.
E sabe o que é pior? Isso é só a ponta do iceberg. A subnotificação é um fantasma real. Muita gente ainda não conhece o canal, tem medo de se identificar ou, pior, acha que "cachorro é coisa da casa" e não se mete. É um erro fatal.
Uma luz no fim do túnel (ou melhor, na linha)
Apesar do cenário sombrio, a existência da Linha Verde já é um avanço e tanto. Ela funciona 24 horas por dia, todos os dias da semana, e o anonimato é garantido — o que, convenhamos, tira a desculpa de quem tem receio de denunciar. As informações podem ser passadas pelo telefone 0300 253 1177 (custo de ligação local, onde tem disponível) ou pelo número 2253 1177 para quem está na capital ou região metropolitana.
"Ah, mas denunciar adianta?" Adianta, sim! Segundo o próprio ISP, as denúncias recebidas são encaminhadas diretamente para os órgãos competentes, como a Divisão de Proteção Animal (DPA) da Polícia Civil. E olha, a pressão popular funciona. Só no ano passado, o serviço recebeu 1.127 registros. O aumento em 2025 indica que mais gente está enxergando — e não aceitando — a barbárie.
É claro que ainda há um caminho longo a percorrer. A conscientização precisa aumentar, a punição tem que ser mais severa (a lei de crimes ambientais existe, mas precisa ser aplicada!) e a educação é a base de tudo. Enquanto alguns tratam bichos como objetos, a sociedade precisa lembrar que eles sentem dor, medo e fome. São seres vivos, não brinquedos quebrados.
Fica o alerta — e o apelo. Se você testemunhar qualquer forma de agressão, não fique calado. A sua ligação pode ser a diferença entre a vida e uma morte lenta e dolorosa para um animal. Não custa nada. Só um pouquinho de humanidade.