
Era uma manhã como qualquer outra nas águas barrentas do Rio Javaés, mas o que se seguiu foi tudo menos rotineiro. Num daqueles golpes que restauram um pouco de fé na fiscalização ambiental, uma operação conjunta botou pra quebrar — literalmente — um esquema de garimpo ilegal que teimava em explorar ilegalmente as riquezas do Tocantins.
Parece até cena de filme, mas foi realidade pura: três dragas, aqueles monstros mecânicos que sugam o leito dos rios, foram reduzidas a ferro velho. Duas delas operando descaradamente no canal principal do Javaés, e outra escondida num igarapé secundário, como se isso fosse camuflá-la da ação da lei.
O Butim da Operação
O que a polícia encontrou daria um belo enredo de suspense ambiental:
- Ouro bruto — não muito, cerca de 15 gramas, mas suficiente pra mostrar que o crime compensava, infelizmente
- Mercúrio — 55 gramas daquela substância perigosa que envenena rios e quem depende deles
- Arsenal variado — duas espingardas, uma carabina e até uma pistola, porque garimpo ilegal nunca vem sozinho, sempre traz violência na bagagem
- Equipamentos de sopro — aqueles usados pelos mergulhadores pra ficar mais tempo no fundo do rio, arriscando a própria vida
E olha, a coisa não parava por aí. Tinha motor de popa, balsa, bote, combustível — todo o aparato necessário pra manter essa máquina de destruição ambiental funcionando a pleno vapor.
O Que Não Aparece nas Fotos
Mais assustador que o equipamento apreendido é o que fica invisível aos olhos. O mercúrio, esse vilão silencioso, não some magicamente quando despejado no rio. Ele entra na cadeia alimentar, contamina peixes, e vai parar no prato de comunidades ribeirinhas que dependem desses recursos há gerações.
As dragas, essas sim, foram transformadas em sucata. Não adianta apenas multar — tem que incapacitar mesmo a operação criminosa. E foi isso que fizeram: destruíram os equipamentos no local, um recado claro de que não vão tolerar esse tipo de atividade predatória.
Os suspeitos, é claro, não estavam por perto quando a polícia chegou. Fugiram como baratas quando a luz acende, mas deixaram pra trás toda a estrutura do garimpo. Agora, a investigação corre solta pra identificar e responsabilizar os envolvidos.
Esta operação faz parte daquelas iniciativas que — vamos combinar — deveriam ser rotina, não exceção. Enquanto o debate sobre garimpo segue acalorado nacionalmente, ações como essa mostram que, pelo menos em alguns fronts, a lei ainda manda.
O Rio Javaés hoje respira um pouco mais aliviado. Mas a pergunta que fica é: por quanto tempo?