
Parece que a ganância imobiliária não conhece limites — e agora a Justiça Federal tem provas concretas disso. Um laudo pericial encomendado pelo próprio Tribunal revelou um cenário desolador no Pontal de Maracaípe, aquele pedaço de paraísso no litoral sul de Pernambuco que anda sob ameaça constante.
A perícia, sabe como é, foi minuciosa. E o que encontraram não é nada bonito: um muro construído bem onde não devia, em Área de Preservação Permanente (APP), causando danos ambientais que, francamente, podem ser irreversíveis. A coisa é séria mesmo.
Os estragos que ninguém queria ver
Os peritos foram a campo e constataram — pasmem — que a construção avançou sobre a restinga, aquele ecossistema frágil que funciona como uma espécie de escudo natural contra a fúria do mar. E não foi pouco: cerca de 380 metros quadrados de vegetação nativa simplesmente desapareceram.
Mas tem mais, sempre tem. O muro, construído sem a menor cerimônia, está impedindo o livre acesso de tartarugas marinhas às áreas de desova. Isso me faz pensar: será que alguém parou para considerar o impacto disso tudo?
Licença? Que licença?
Aqui vem a parte que mais me deixa perplexo. A prefeitura de Ipojuca, aquela mesma que deveria zelar pelo patrimônio ambiental, emitiu um alvará de construção para o tal muro. Só que esqueceu de um detalhezinho: áreas de APP são de competência federal, caramba!
O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) já havia alertado sobre a irregularidade, mas parece que alguém decidiu fazer ouvidos moucos. Agora a conta chegou — e veio com juros e correção.
O que dizem os responsáveis
O Ministério Público Federal não está brincando em serviço. Eles afirmam, com todas as letras, que a construção do muro "violou gravemente a legislação ambiental". E não é exagero — a coisa é grave mesmo.
Do outro lado, a prefeitura de Ipojuca tenta se defender dizendo que o alvará foi concedido com base em documentação apresentada pelos responsáveis pela obra. Mas, convenhamos, isso soa como aquela velha desculpa esfarrapada de "fulano me disse que podia".
E agora, José?
O caso está nas mãos do juiz federal Leonardo Carvalho, que tem pela frente uma decisão das mais complicadas. O MPF já pediu a imediata remoção do muro e a recuperação da área degradada — o que, diga-se de passagem, vai custar uma nota.
Enquanto isso, o Pontal de Maracaípe continua sofrendo com intervenções humanas que, francamente, parecem não levar em conta o valor inestimável daquele ecossistema. É sempre a mesma história: o progresso a qualquer custo, mesmo que esse custo seja a destruição do que temos de mais precioso.
O pior de tudo? Isso não é caso isolado. É só mais um capítulo na longa novela da especulação imobiliária versus preservação ambiental no litoral brasileiro. E pelo andar da carruagem, infelizmente, ainda vamos ver muitos outros.