
O caso é daqueles que deixam qualquer um com a pulga atrás da orelha. Dois cidadãos chineses, flagrados com nada menos que duas toneladas - repito, DUAS TONELADAS - de barbatanas de tubarão, além de cavalos-marinhos, simplesmente caminharam para fora da cadeia por decisão judicial. Sim, você leu certo.
A operação que os prendeu aconteceu na BR-343, em Altos, interior do Piauí, no último dia 3. Imagina a cena: uma carga tão absurda que precisou de três caminhões do Batalhão de Polícia Ambiental para ser transportada. Isso não é pesca predatória, é indústria da morte marinha.
O que a lei diz - e o que aconteceu
Aqui vem a parte que realmente faz a cabeça ferver. A defesa deles conseguiu um habeas corpus no Tribunal de Justiça do Piauí. O argumento? Que a prisão em flagrante não se sustentava porque... bem, porque os animais já estavam mortos quando foram apreendidos. Sério mesmo.
Parece piada de mau gosto, mas é a realidade do nosso sistema judicial às vezes. Os investigadores tinham todas as provas - a carga monumental, os equipamentos de pesca ilegal, tudo - mas a Justiça considerou que não havia risco de eles fugirem ou atrapalharem as investigações. Como se alguém com acesso a esse nível de operação criminosa fosse ficar quietinho esperando o processo.
O que foi apreendido além das barbatanas
- Cavalos-marinhos - espécie protegida e ameaçada
- Equipamentos de pesca industrial
- Documentos que comprovam a origem internacional da operação
O pior de tudo? Isso não é caso isolado. O comércio de barbatanas movimenta bilhões no mercado negro, principalmente para a Ásia, onde são consideradas iguaria. Cada quilo vale uma pequena fortuna. Dois mil quilos então? É o sonho de qualquer traficante de animais.
Os ambientalistas que lutam há anos pela proteção dos oceanos devem estar com os cabelos em pé. É como enxugar gelo - você prende os pequenos, mas os grandes operadores sempre encontram brechas. E quando finalmente pegam alguém com provas concretas, a Justiça solta.
Agora a bola está com o Ministério Público Federal, que vai ter que correr atrás do prejuízo. Eles prometem recorrer, mas enquanto isso, os dois investigados estão soltos por aí. Quem apostaria que não vão sumir do mapa?
O que me deixa pensando: será que a gente precisa mesmo esperar extinguir todas as espécies marinhas para levar crimes ambientais a sério? Às vezes parece que sim, e isso é de cortar o coração.