
O cenário é desolador. A terra rachada implora por água que não vem, os reservatórios minguam dia após dia, e o sol inclemente castiga sem piedade o sertão piauiense. Não é exagero dizer que a situação chegou a um ponto crítico — talvez o mais grave que muitos agricultores já viram em toda sua vida.
O governo federal, reconhecendo a gravidade do quadro, não teve alternativa senão decretar situação de emergência em 32 municípios do Piauí. A medida foi publicada no Diário Oficial da União nesta terça-feira (15), e não se trata de mera formalidade burocrática. É um socorro urgente para milhares de pessoas que literalmente veem seu sustento secar diante dos olhos.
O que muda com o decreto de emergência?
Na prática, essa declaração funciona como um passe livre para agilizar recursos. Estamos falando de coisas concretas: liberação de verbas federais, contratação de serviços sem licitação (quando necessário para a urgência), e acesso a programas de assistência. É a burocracia dando um passo para trás para a necessidade passar.
O interessante — ou melhor, triste — é que essa não é uma crise isolada. Enquanto o Piauí sofre com a falta d'água, outros estados nordestinos também enfrentam situações parecidas. Parece que o clima resolveu pregar peças cruéis em toda a região.
Quem mais sofre com essa estiagem?
Os pequenos agricultores, sem dúvida. Esses homens e mulheres que dependem da terra para sobreviver estão vendo suas plantações definhar, seus animais passarem necessidade. É desanimador trabalhar meses e ver tudo perdido por causa da falta de chuva.
Mas não são só eles. As comunidades rurais isoladas, que já vivem com infraestrutura precária, agora enfrentam o drama adicional da água racionada. Algumas localidades dependem de carros-pipa — aquela solução paliativa que todo mundo conhece, mas ninguém gostaria de precisar.
E a economia local? Nem se fala. O comércio murcha junto com as plantações, o gado emagrece, e o dinheiro some da circulação. É um efeito dominó que atinge todo mundo, do produtor ao dono do mercadinho da esquina.
E agora, o que esperar?
Bom, a bola está com o governo. O decreto saiu, mas o importante é o que vem depois. Será que os recursos chegam rápido? A assistência será eficiente? São perguntas que só o tempo responderá.
Enquanto isso, o povo do sertão segue resistindo. Com aquela resiliência que só quem nasceu no Nordeste conhece. Esperando a chuva que teima em não vir, contando os dias, economizando cada gota d'água como se fosse ouro líquido.
A verdade é que seca no Nordeste não é novidade — infelizmente. Mas a intensidade dessa de 2025 parece estar escrevendo um capítulo especialmente difícil na já sofrida história da região.