
Parece que o sol potiguar decidiu ficar para sempre. E não é exagero. Um levantamento recente da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (Emparn) jogou um balde de água fria – ou melhor, de realidade – sobre nós: incríveis 96% dos municípios do estado registraram algum nível de seca no mês de julho.
É quase unânime. Das 167 cidades, 160 delas estavam, de uma forma ou de outra, sob o jugo da estiagem. A situação mais severa, classificada como 'Grave' (D2), atingiu como um soco no estômago 55 municípios. Isso representa nada menos que 33% do território estadual.
O Mapa da Sedentão Potiguar
O relatório da Emparn, que é aquele tipo de notícia que a gente lê com o coração pesado, detalha que a seca 'Moderada' (D1) também castigou forte, atingindo 105 localidades. A porção central do estado, aquela que já é tradicionalmente mais seca, continua sendo a mais fustigada. Mas olha só, até regiões que a gente nem associa tanto com falta d'água, como o Alto Oeste e a Serra de Santana, não escaparam. A coisa ficou feia por lá também.
E aí você pensa: "Julho é mês de inverno, devia chover, né?" Pois é. Só que a natureza não leu a nossa cartilha. A estiagem persistiu com uma força descomunal, desafiando todas as expectativas sazonais. Os técnicos da Emparn atribuem esse cenário desolador a uma conjunção perversa: a má distribuição das chuvas – que, quando caem, são malucas e concentradas – e aquela velha conhecida de todos, a elevada taxa de evaporação.
E Agora, José?
O que isso significa na prática? Bom, para o homem do campo, é sinal de aperto. Pastagens ressecadas, cultivos minguando e um prejuízo que dói no bolso. Para o urbano, é aquele aperto no coração toda vez que abre a torneira e não sai nada, ou a conta de água que vem mais salgada que água do mar. É crise hídrica na veia.
Esse dado não é apenas um número num relatório esquecido numa gaveta. Ele é um grito de alerta. Um sinal vermelho piscando furiosamente para os gestores públicos e para a população. A necessidade de políticas sérias de convivência com o semiárido, de investimento em infraestrutura hídrica e de um uso consciente da água nunca foi tão premente.
O Rio Grande do Norte está, literalmente, sedento por soluções. E o tempo, assim como a água, está se esgotando.