
Quem passa pelo movimentado aeroporto de Congonhas, em São Paulo, nos próximos dias vai se deparar com algo que vai muito além das tradicionais lojas e balcões de check-in. Uma exposição poderosa ocupa o saguão principal, mostrando — sem rodeios — como os eventos climáticos extremos estão virando a vida de brasileiros de cabeça para baixo.
"Parece exagero até você ver de perto", comenta um passageiro diante das fotografias que retratam enchentes arrasadoras, secas intermináveis e ventanias que deixam rastros de destruição. A curadoria foi certeira: mistura imagens impactantes com depoimentos em primeira pessoa. Tem gente que perdeu tudo, mas também histórias de quem se reinventou depois do caos.
Não é só sobre o tempo, é sobre gente
O que mais choca na exposição — e aqui vou ser sincero — é como ela consegue traduzir dados complexos em experiências humanas palpáveis. Tem a Dona Maria, do interior da Bahia, que viu sua plantação virar pó depois de oito meses sem chuva. E o Carlos, de Petrópolis, que reconstruiu a casa três vezes em cinco anos por causa das enxurradas.
"A gente fala tanto em 'mudanças climáticas' que esquece o que isso significa na prática", reflete a ambientalista Carla Soares, que colaborou com a mostra. "São vidas interrompidas, sonhos adiados, comunidades inteiras tendo que se adaptar ao imprevisível."
O que esperar da visita
- Fotografias em grande formato que capturam momentos decisivos durante e após desastres naturais
- Objetos reais — desde um relógio parado no horário da enchente até ferramentas agrícolas inúteis na seca
- Depoimentos em vídeo com histórias que vão da tragédia à superação
- Dados locais mostrando como São Paulo tem sido afetada nos últimos anos
Ah, e tem um detalhe que ninguém espera: no meio da exposição, uma instalação interativa simula — de forma bem leve, claro — a sensação de estar no olho de uma tempestade. Preparem os nervos!
Por que num aeroporto?
"Todo mundo passa por aqui: executivos, turistas, políticos, famílias...", explica o organizador Luiz Fará Monteiro. "Queríamos que essa conversa sobre clima saísse da bolha ambientalista e alcançasse pessoas que talvez nunca tenham parado pra pensar no assunto."
Pelo visto está funcionando. Na hora que estive lá, vi desde adolescentes tirando selfies até senhoras emocionadas se identificando com as histórias. E olha que a mostra só começou semana passada!
Se você vai passar por Congonhas até o final do mês, vale a pena chegar com uma horinha de antecedência. A exposição fica no saguão principal, é gratuita e — acredite — pode mudar sua forma de ver aquela chuva forte que atrapalhou seu voo.