
Era pra ser mais um dia típico de secura no Piauí, com aquele sol castigando e a umidade lá embaixo — desses que deixam a garganta arranhando. Mas o tempo, esse artista caprichoso, resolveu pregar uma peça. De repente, sem avisar, nuvens carregadas surgiram no céu e... ploft! Chuva! E não qualquer chuva: a famosa "chuva do caju", aquela passageira, que molha o chão mas não enche o rio.
Os meteorologistas tinham emitido alertas — baixa umidade, risco de queimadas, o pacote completo do semiárido. Só que, em Teresina e arredores, a natureza fez seu próprio roteiro. "Foi coisa de 10 minutos, mas deu pra molhar a terra", contou Dona Maria, vendedora de castanhas no Mercado Central, enquanto torcia o pano encharcado que usou pra proteger sua barraca.
O que explica o fenômeno?
Segundo especialistas (e aqui a gente tenta decifrar o que esses magos do clima explicam), trata-se de uma convergência de ventos em alturas diferentes da atmosfera — algo técnico que, no fim das contas, significa: "às vezes chove mesmo na seca". Essas pancadas isoladas são comuns entre agosto e novembro, quando as primeiras chuvas da pré-estação começam a ensaiar sua volta.
Mas olha só a ironia: enquanto alguns bairros comemoravam a garoa inesperada, outras regiões seguiam com umidade relativa do ar abaixo dos 30% — patamar que, pra quem não sabe, já aciona o estado de atenção. "É aquela coisa: o Piauí é grande, e o clima aqui não combina com uniformidade", brincou um técnico da Defesa Civil, entre um gole de água e outro.
Efeitos da chuva passageira
- Alívio temporário para a vegetação ressecada
- Leve queda na temperatura — coisa de 2 ou 3 graus
- Estradas com poeira virando "lama fina", cuidado com derrapagens
- Aumento pontual da umidade... até o sol voltar com tudo
Moradores mais antigos nem se surpreendem mais. "Isso aí é chuva de mentirinha", diz Seu Francisco, agricultor aposentado, enquanto aponta pra nuvens que já se dissipam no horizonte. "Quando eu era criança, chamavam de 'chuva do caju' porque coincidia com a florada dos cajueiros. Hoje em dia, com essa bagunça do clima, nem sei mais..."
Enquanto isso, os órgãos oficiais mantêm os alertas: hidratação redobrada, evitar exercícios ao ar livre entre 10h e 16h, e aquela velha dica que todo piauiense conhece mas muitos ignoram — um pano úmido no quarto ajuda a dormir melhor nos dias mais secos. Quanto à chuva? Bem, ela veio, foi embora, e deixou aquele cheiro de terra molhada que, convenhamos, vale por um tempão de saudade.