
O que você faria se soubesse que temos apenas uma janela minúscula para evitar o pior? Klaus Wöll, o alemão de 58 anos que acaba de receber o Nobel de Química, não está com papas na língua. E a mensagem dele é dura, muito dura.
"A ciência já deu seu veredicto. Agora é a vez da ação", dispara Wöll, com aquela calma que só os verdadeiros especialistas possuem. E ele sabe do que fala — passou décadas mergulhado em pesquisas sobre materiais que podem, literalmente, salvar nosso planeta.
O Relógio Não Para
Enquanto muitos ainda discutem se as mudanças climáticas são reais, Wöll traz números concretos. Assustadores, diga-se de passagem. "Nos últimos 150 anos, a concentração de CO₂ na atmosfera saltou de 280 para mais de 420 partes por milhão. É um aumento absurdo."
E ele vai além: "Reduzir emissões deixou de ser uma questão ambiental — é uma questão de sobrevivência econômica e social. Os custos da inação serão catastróficos."
Uma Solução na Palma da Mão
O trabalho premiado de Wöll parece coisa de ficção científica. Ele desenvolveu materiais porosos ultra-eficientes que conseguem capturar CO₂ diretamente da atmosfera. Imagine esponjas microscópicas que sugam o dióxido de carbono do ar — é basicamente isso.
Mas aqui está o pulo do gato: Wöll insiste que a tecnologia sozinha não basta. "Desenvolvi ferramentas, mas elas precisam ser usadas. E usadas agora, não daqui a dez anos."
O químico faz uma analogia poderosa: "É como ter o remédio para uma doença grave na prateleira e não administrá-lo ao paciente. Não faz sentido algum."
O Papel do Brasil Nesse Quebra-Cabeça
E o que o Brasil tem a ver com isso? Tudo, segundo Wöll. "O Brasil é uma peça fundamental nesse tabuleiro global. Suas florestas, sua biodiversidade, sua capacidade agrícola — tudo isso coloca o país numa posição única."
Mas ele adverte: "Potencial não é realização. O Brasil precisa escolher entre ser parte do problema ou da solução. E essa escolha precisa acontecer já."
Wöll menciona especificamente o desmatamento: "Proteger as florestas existentes é tão crucial quanto desenvolver novas tecnologias. Talvez até mais."
Um Apelo Que Ecoa
No final das contas, o recado de Wöll é simples, porém profundo. "A ciência já fez sua parte. Desenvolvemos as ferramentas, identificamos os problemas, projetamos as soluções. Agora a bola está com os governos, as empresas e cada um de nós."
Ele finaliza com um tom que mistura esperança e urgência: "Ainda dá tempo. Mas o relógio está correndo, e correndo rápido. A pergunta que fica é: vamos agir antes que seja tarde demais?"
Pensando bem, talvez essa seja a questão mais importante do nosso tempo.