
Oito meses se passaram. Oito longos meses desde que o rio Tocantins engoliu a ponte que unia Estreito, no Maranhão, ao estado do Tocantins. E a cidade? Bem, a cidade ainda respira, mas com a dificuldade de quem carrega um peso enorme nas costas.
O comércio local, outrora movimentado pela constante fluxo de caminhões e viajantes, hoje parece ter caído junto com a estrutura de concreto. Lojistas falam em queda brutal de 70% no movimento – números que doem mais que qualquer estatística oficial.
O preço do isolamento
Sem a ponte, a vida encareceu. Tudo chegando pela via alternativa, tudo mais caro. O pão, o gás, o material de construção. Quem depende da rodovia para trabalhar, então, gasta até três vezes mais com combustível. E o pior: o desemprego virou sombra na porta de muitas casas.
"A gente virou ilha", desabafa um comerciante da avenida principal, que prefere não se identificar. "O movimento sumiu. Quem vinha do Tocantins comprar aqui, sumiu. Quem passava a caminho de outros estados, sumiu. Sobrou só a gente, tentando se virar."
Promessas e mais promessas
Enquanto isso, as promessas de reconstrução seguem no campo das intenções. O governo federal fala em licitação, em projetos, em prazos. Mas no asfalto quente de Estreito, a paciência já virou artigo raro.
Os mais velhos lembram que a ponte já tinha seus problemas. Sinais de desgaste, alertas ignorados. Agora, o que era suspeita virou certeza amarga – e o preço se paga não em dinheiro, mas em empregos perdidos e sonhos adiados.
Além do comércio: o custo humano
Não são só números. São pessoas. O mototaxista que viu a corrida minguar. A dona de pensão que fechou quartos vazios. O agricultor que não consegue escoar a produção. Uma cadeia inteira de sustentos quebrada.
E no meio disso tudo, uma pergunta que ninguém responde: até quando?
Enquanto a nova ponte não sai do papel, Estreito aprende da maneira mais dura o significado de isolamento. E carrega no dia a dia o peso de uma obra que caiu duas vezes: primeiro no rio, depois na economia da cidade.