
Que cidade é essa que mora no imaginário de quem vive em Campinas? A resposta, como quase tudo na vida, não é preto no branco. Uma pesquisa recente do IBGE jogou luz sobre essa questão complexa — e os resultados são, no mínimo, instigantes.
De um lado, temos números que fazem sorrir: 72% dos entrevistados consideram sua qualidade de vida boa ou muito boa. Não é pouca coisa, convenhamos. Mas espere aí — do outro lado da moeda, um dado que faz pensar: 65% dos campineiros veem a cidade como marcadamente desigual.
O Retrato de Uma Cidade Dividida
Parece contraditório? Talvez. Ou talvez seja justamente o retrato fiel de uma realidade multifacetada. A pesquisa, que ouviu nada menos que 1.895 domicílios entre maio e agosto deste ano, revela que convivem na mesma cidade percepções quase opostas sobre a vida urbana.
"A gente sente na pele essa diferença", comenta um morador do Jardim São Fernando que preferiu não se identificar. "Num dia você está no Cambuí, no outro tá na periferia — parece que são mundos diferentes."
Os Números que Contam Histórias
- 72% avaliam qualidade de vida como boa ou muito boa
- 65% consideram Campinas uma cidade desigual
- 1.895 domicílios entrevistados
- Pesquisa realizada entre maio e agosto de 2025
E tem mais — quando o assunto é a situação financeira das famílias, o otimismo dá uma leve recuada. Aí a aprovação cai para 64%, ainda assim majoritária, mas mostrando que as contas no fim do mês pesam mais na avaliação geral.
Entre Satisfação e Consciência Social
O que significa, afinal, essa aparente contradição? Especialistas em desenvolvimento urbano sugerem que podemos estar diante de um fenômeno interessante: as pessoas conseguem separar sua experiência individual da análise coletiva da cidade.
"Não se trata de incoerência", analisa uma socióloga que acompanhou a pesquisa. "As pessoas podem estar satisfeitas com suas vidas pessoais enquanto mantêm um olhar crítico sobre as desigualdades estruturais. É sinal de maturidade social, na verdade."
E você, caro leitor, como enxerga essa Campinas de duas faces? Satisfeito com sua qualidade de vida, mas incomodado com as disparidades que salta aos olhos? A pesquisa do IBGE não traz respostas definitivas — mas certamente provoca reflexões necessárias.
No fim das contas, os números são apenas o começo da conversa. O que realmente importa é o que fazemos com esse retrato complexo da nossa cidade.