
Brasília virou palco de um levante que mistura urucum, cartazes e muita determinação. Desde segunda-feira, centenas de indígenas de diferentes etnias transformaram a Esplanada dos Ministérios num mosaico de cores e cantos de guerra — tudo para frear o que chamam de "trem da destruição".
A Ferrogrão, projeto bilionário que pretende cortar 933 km entre Mato Grosso e Pará, está no centro da polêmica. "É mais um atropelo aos nossos direitos", dispara Juma Xipaya, liderança que veio do Xingu especialmente para o protesto. A fala dela ecoa entre os presentes, que carregam faixas com frases como "Ferrogrão = Ecocídio".
O que está em jogo?
O corredor ferroviário — que promete escoar grãos a custos menores — rasgaria áreas sensíveis:
- Terras indígenas já homologadas
- Unidades de conservação ambiental
- Rios que são veias da Amazônia
"Eles falam em progresso, mas pra gente é só mais um capítulo de destruição", comenta um ancião Munduruku, enquanto ajusta o cocar. O clima? Tensão com pitadas de esperança. A cada hora, chegam mais apoiadores — de estudantes a juristas famosos.
O recado está dado
Enquanto isso, no Planalto, a resposta oficial segue evasiva. "Estamos analisando todos os aspectos", diz um comunicado do Ministério da Infraestrutura — frase que já virou piada entre os manifestantes. "Analisar é o verbo preferido deles quando não querem resolver", provoca uma jovem ativista.
O protesto, que começou discreto, ganhou musculatura com a chegada de figuras como o cacique Raoni e até celebridades globais (sim, aquela atriz de Hollywood que sempre aparece nessas causas). Nas redes, a hashtag #PareFerrogrão disparou, misturando denúncias e memes políticos.
E agora? O movimento promete ficar "enraizado" em Brasília até ter respostas concretas. "Não somos obstáculo ao desenvolvimento — somos guardiões do futuro", resume uma liderança, enquanto o sol poente tinge de vermelho os prédios do poder.