
Quem diria, hein? O mesmo setor frequentemente apontado como vilão ambiental agora quer vestir a camisa da sustentabilidade. E não é brincadeira: o agronegócio brasileiro está se preparando para ocupar um lugar de destaque na COP30, que acontecerá em Belém no ano que vem.
Segundo fontes da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), o plano é claro: mostrar que os produtores rurais não são parte do problema, mas sim da solução. "Temos tecnologia, temos práticas sustentáveis, e agora precisamos de reconhecimento", diz um representante que preferiu não se identificar.
O jogo das narrativas
Não vai ser fácil convencer todo mundo. Enquanto alguns enxergam o potencial do setor para sequestro de carbono e agricultura de baixo impacto, outros torcem o nariz. "É greenwashing ou mudança real?", questiona um ambientalista ouvido informalmente.
Mas os números impressionam:
- Mais de 66% do território brasileiro preservado está em propriedades rurais
- Técnicas como ILPF (Integração Lavoura-Pecuária-Floresta) já são realidade em milhões de hectares
- O Brasil tem uma das legislações ambientais mais rígidas do mundo para o setor
O que esperar da COP30?
Belém será palco de um verdadeiro cabo de guerra narrativo. De um lado, organizações internacionais pressionando por mais restrições. De outro, produtores mostrando que já fazem sua parte — e querem ser remunerados por isso.
"Não adianta vir com discurso pronto", alerta uma fonte do governo. "O mundo precisa entender a complexidade do Brasil: somos ao mesmo tempo potência agrícola e guardiões da maior biodiversidade do planeta."
Curiosamente, essa pode ser a primeira COP onde o agronegócio deixa de ser espectador para se tornar protagonista. Resta saber se o mundo está pronto para essa virada de script.