Finalmente! Famílias de Florianópolis recebem casas após 17 anos de espera desde a tragédia de 2008
Vítimas de enchente em SC ganham casas após 17 anos

Quase duas décadas se passaram, mas a promessa finalmente virou realidade. Nesta segunda-feira (19), famílias que perderam tudo nas catastróficas enchentes de 2008 em Santa Catarina receberam as chaves de suas novas moradias em Florianópolis. Um alívio que demorou 17 anos para chegar — tempo suficiente para uma criança nascida na tragédia estar prestes a completar o ensino médio.

A espera foi longa, dolorosamente longa. Enquanto políticos discutiam orçamentos e burocracias, essas pessoas sobreviviam de favor em casas de parentes, em abrigos improvisados ou pagando aluguéis que consumiam boa parte de seus parcos recursos. "A gente já tinha perdido as esperanças", confessou Dona Maria, 62 anos, segurando a nova chave como se fosse ouro.

O projeto que quase virou lenda urbana

O reassentamento no bairro Monte Cristo foi anunciado como solução definitiva logo após o desastre. Mas entre o papel e a realidade, havia um abismo de entraves:

  • Disputas por áreas seguras contra novas enchentes
  • Troca de gestões municipais e estaduais
  • Licitações que emperravam na justiça
  • E o sempre presente problema de verbas públicas

Curiosamente, o atraso fez com que as 48 unidades entregues agora estejam mais modernas do que o projetado originalmente — com painéis solares e sistemas anti-alagamento que ninguém imaginava necessários em 2008.

"Mais que tijolos, estamos devolvendo dignidade"

O prefeito Topázio Neto (que nem estava no cargo quando a tragédia ocorreu) admitiu durante a cerimônia que "processos assim não deveriam levar uma geração inteira". Mas destacou que, apesar de tardio, o resultado compensou: "São casas sólidas, em área segura, com infraestrutura completa — diferente dos projetos emergenciais que costumamos ver após desastres".

Psicólogos que acompanham as famílias há anos relatam que o trauma das enchentes deixou marcas profundas. "Até hoje, muitos acordam assustados com qualquer chuva mais forte", comenta a terapeuta social Amélia Pires. Ela acredita que ter um lar permanente pode ajudar a fechar esse ciclo de medo.

Enquanto as primeiras mudanças começam a chegar ao novo bairro, há quem ainda espere sua vez. Outras 72 unidades estão em fase final de construção — promessa que, esperamos, não levará outros 17 anos para se cumprir.