
O coração da comunidade acadêmica de São Carlos está pesado. Muito pesado, na verdade. A notícia que ninguém queria receber chegou como um soco no estômago: o corpo do pesquisador da UFSCar que morreu durante uma exploração numa gruta será velado nesta quinta-feira (2), na cidade que ele tanto amava.
Parece que foi ontem que ele estava lá, dando aulas, orientando alunos, vivendo aquela paixão pela pesquisa que tanto o caracterizava. A vida prega umas dessas, não é? De repente, tudo muda.
O que realmente aconteceu naquela gruta?
Os detalhes ainda são escassos — e dolorosos. O que se sabe é que o acidente ocorreu durante uma daquelas explorações de rotina, dessas que ele tantas vezes fizera. Só que dessa vez, algo deu terrivelmente errado. A gruta, localizada em Iporanga, no famoso Vale do Ribeira, se transformou num cenário de tragédia.
O resgate foi daqueles de cortar o coração. O Corpo de Bombeiros trabalhou contra o tempo, mas quando finalmente conseguiram chegar até ele, já era tarde demais. Muito tarde.
Uma perda irreparável para a ciência
O que dizer sobre um professor que dedicou a vida ao conhecimento? Ele não era apenas mais um na multidão — era daqueles raros, que conseguem transmitir não apenas informação, mas verdadeira paixão pelo saber. Seus colegas de departamento estão arrasados, sem acreditar que não vão mais vê-lo pelos corredores da universidade.
Os alunos? Esses então. Muitos choraram ao saber da notícia. Como esquecer aquele jeito peculiar de explicar as coisas, a paciência com as dúvidas, o entusiasmo contagiante?
O velório será realizado no Espaço São Carlos, localizado na Rua Major José Inácio, 2.333, no Centro. Começa às 14h e vai até as 18h — horário em que o corpo seguirá para o crematório. A família, é claro, recebe amigos, colegas e todos que quiserem se despedir desse homem extraordinário.
A UFSCar já se manifestou, emitindo uma nota que mal consegue disfarçar a dor. Dizem que está prestando toda assistência possível à família, mas convenhamos: nessas horas, nenhum apoio é suficiente para tapar o buraco que fica.
Iporanga, onde a tragédia aconteceu, fica a cerca de 370 km de São Carlos. Uma distância que, de repente, parece muito maior. A cidade é conhecida por seu complexo de cavernas — mais de 400, para ser exato —, mas nenhuma delas deveria ter se tornado um túmulo.
Enquanto isso, em São Carlos, a pergunta que não quer calar: como seguir em frente sem ele? A ciência brasileira perdeu uma mente brilhante, a universidade perdeu um mestre, e muitas pessoas perderam um amigo. E a gruta? Bem, a gruta agora guarda um silêncio diferente.