
Quem diria? No meio do agreste pernambucano, onde o termômetro raramente cai dos 25°C, moradores acordaram com um cenário digno de filme europeu. A BR-101, trecho próximo ao Recife, amanheceu coberta por um manto branco — algo entre neve e espuma química — depois de uma noite de chuvas torrenciais que alagaram meia cidade.
"Pensei que tinha acordado na Rússia", brincou o motorista José Ricardo, de 54 anos, enquanto fotografava o fenômeno com o celular. "Mas quando toquei, era fria e grudenta, diferente de neve de verdade."
O mistério da 'neve nordestina'
O Corpo de Bombeiros recebeu 17 chamados até as 9h da manhã. Não por acidentes — a visão inusitada fez os carros reduzirem a velocidade naturalmente — mas por relatos de pessoas assustadas com a substância esbranquiçada. Alguns idosos chegaram a acreditar em "sinal divino".
- Textura: espumosa, mas com cristais gelados
- Cheiro: leve odor metálico, segundo relatos
- Duração: começou a derreter por volta das 10h30
Enquanto isso, na Defesa Civil, o clima era de polvorosa. "Temos duas hipóteses", explicou a geóloga Mariana Lopes, "ou foi algum fenômeno atmosférico extremamente raro, ou... bem, algo que veio com as chuvas." A segunda opção deixou todos com a pulga atrás da orelha.
Efeitos colaterais inesperados
O comércio local lucrou com a curiosidade. Vendedores de coco improvisaram "picolés naturais" com a substância coletada. Já os borracheiros ficaram de olho nos pneus — será que aquilo corroeria a borracha? Ninguém sabia.
Por volta do meio-dia, quando o sol apareceu entre as nuvens, o cenário surreal começou a desaparecer. Restaram apenas fotos nas redes sociais e uma pergunta no ar: o que diabos aconteceu na BR-101?
Atualização: A CPRH já coletou amostras para análise. Enquanto os resultados não saem, Recife ganha seu primeiro — e talvez último — "dia de neve" na história.