
O mapa da Espanha está pintado de vermelho — e não é torcida de futebol. Desde o início do verão europeu, as chamas devoram florestas como se fossem papel. Dados oficiais mostram que mais de 148 mil hectares viraram cinzas, área equivalente a três vezes o tamanho do Recife.
"É desesperador", confessa um bombeiro de Valência, com a voz rouca de tanto inalar fumaça. "Trabalhamos 20 horas seguidas e as chamas parecem brincar de pega-pega conosco."
O inferno tem endereço
As regiões mais afetadas são:
- Andaluzia — onde o fogo avança como tsunami alaranjado
- Castela e Leão — com focos que se multiplicam feito cogumelos após chuva
- Galícia — onde o vento faz as chamas dançarem de forma assustadora
Meteorologistas apontam o dedo para a combinação mortal: temperaturas que beiram os 45°C, umidade abaixo de 20% e ventos fortes que sopram a 60 km/h. "É a receita perfeita para o desastre", lamenta uma especialista do Instituto Nacional de Meteorologia.
Fuga em câmera lenta
Nas redes sociais, vídeos mostram animais selvagens — javalis, veados, raposas — fugindo em pânico enquanto o céu fica cor de laranja. Um pastor perdeu 80 ovelhas em Murcia. "Elas eram minha aposentadoria", diz, limpando lágrimas com as mãos encardidas.
Enquanto isso, os hotéis de Alicante estão lotados de evacuados. Dona Carmen, 72 anos, trouxe apenas uma foto do marido falecido e o gato Tomás. "O resto é só coisa", suspira, acariciando o felino assustado.
O preço do descuido humano
Investigadores já identificaram que 60% dos focos começaram por:
- Bitucas de cigarro jogadas em estradas
- Fogueiras mal apagadas de acampamentos
- Fagulhas de máquinas agrícolas
"É de cortar o coração", desabafa o ministro do Meio Ambiente espanhol. "Perdemos em semanas o que a natureza levou séculos para construir."
Enquanto os aviões-tanque sobrevoam as áreas críticas, os agricultores rezam para que as previsões de chuva — ainda tímidas — se confirmem. Até lá, a Espanha continua lutando contra seu próprio pesadelo em chamas.