Não é exagero dizer que o céu da região metropolitana de Belo Horizonte mudou de cor nesta semana. O que começou como alguns focos isolados virou um pesadelo de proporções épicas — e olha que mineiro não costuma dramatizar.
Pelo menos sete cidades estão sob fumaça densa, com Ribeirão das Neves liderando o ranking indesejado de maior número de ocorrências. Os bombeiros, esses heróis de plantão, já perderam as contas de quantas chamadas atenderam desde quarta-feira (18).
O cenário caótico
Imagine acordar com cheiro de queimado tão forte que parece que sua casa está pegando fogo. Foi exatamente isso que aconteceu com dona Maria, aposentada de 68 anos que mora no bairro Jardim Leblon: "Pensei que fosse o fogão, mas quando abri a janela... meu Deus!"
Os números assustam:
- Mais de 30 focos ativos simultaneamente
- 5 helicópteros no ar fazendo o trabalho pesado
- 200 bombeiros escalados (e contando)
E o pior? A umidade do ar caiu para níveis preocupantes — coisa de 20%, segundo o INMET. Para quem não sabe, abaixo de 30% já é considerado estado de atenção.
As causas? Mistério e especulações
O capitão Álvaro, veterano no Corpo de Bombeiros, não esconde a frustração: "Todo ano é a mesma história. Temos ações criminosas, sim, mas também muita negligência com queimas caseiras". Detalhe: multas por queimada irregular podem chegar a R$ 50 mil, mas parece que o bolso alheio é sempre mais resistente que o bom senso.
Enquanto isso, nas redes sociais, a polarização toma conta. De um lado, os "ecochatos" (como são chamados pelos críticos). Do outro, os "desmatadores" (na visão dos ambientalistas). No meio, a população sofrendo com ardência nos olhos e problemas respiratórios.
E agora?
O governo estadual prometeu reforço nos efetivos, mas os moradores das áreas afetadas querem mais do que promessas. Algumas medidas imediatas:
- Evitar exercícios ao ar livre
- Umidificar ambientes com toalhas molhadas
- Ficar atento a idosos e crianças
Uma curiosidade: o aeroporto de Confins precisou redirecionar voos por conta da baixa visibilidade. Quem diria que o famoso "frio e calor" mineiro incluiria fumaça no pacote, né?
Enquanto escrevo esta matéria, recebo atualizações de novos focos em Sabará. Parece que essa tragédia ainda está longe do capítulo final...
