Manaus sob as águas: Enchentes causam desabamento de casas na orla da Zona Sul
Enchentes causam desabamento de casas em Manaus

A força das águas não perdoou mais uma vez. Na manhã desta segunda-feira (25), o céu cinzento sobre Manaus despejou torrentes que transformaram ruas em rios — e sonhos em escombros. Na orla do Educandos, Zona Sul da cidade, duas residências simplesmente não resistiram à fúria dos alagamentos.

Imagine acordar com água pela cintura e ver sua casa literalmente desmanchando diante dos seus olhos? Foi exatamente isso que aconteceu com moradores da Rua Belo Horizonte, por volta das 10h da manhã. A terra encharcada cedeu, as estruturas gemeram e, em questão de minutos, tudo ruiu.

Caos instalado: a cena era de filme catastrófico

— A gente só teve tempo de sair correndo com a roupa do corpo — relatou Maria Silva, vizinha de uma das casas atingidas. — O barulho foi assustador, parecia um trovão prolongado. Quando olhei, era a casa do seu João sumindo na enxurrada.

Os bombeiros chegaram rapidamente, mas, convenhamos, pouco podiam fazer além de garantir que ninguém ficou soterrado. Felizmente — e isso é um alívio num dia tão sombrio —, não há registros de vítimas fatais. Ferimentos leves e, claro, o trauma psicológico que demora a cicatrizar.

Além do óbvio: o que levou a isso?

Todo mundo sabe que chove forte em Manaus, mas a intensidade desses temporais recentes está fora do normal. Especialistas — e até os moradores mais antigos — concordam: isso não é só 'inverno amazônico'. É mudança climática batendo na porta, é drenagem inadequada, é urbanização desordenada às margens dos igarapés.

O Corpo de Bombeiros emitiu alertas, a Defesa Civil municipal está monitorando áreas de risco, mas a verdade é que muitas famílias vivem nessa corda bamba há décadas. E aí, quando a natureza cobra sua fatura, quem paga o preço são sempre os mais vulneráveis.

E agora? O que fazer?

Enquanto as águas baixam — e elas sempre baixam, eventualmente —, o que resta é contabilizar os prejuízos. Duas famílias desabrigadas, estruturas completamente destruídas, móveis e pertences arrastados pela força das águas. A solidariedade dos vizinhos já aparece, com doações de roupas e alimentos, mas isso é um paliativo, não solução.

A prefeitura deve vistoriar outras construções na região — afinal, onde uma cedeu, outras podem seguir o mesmo caminho. O risco de novos desabamentos é real e assustador. Moradores de áreas baixas ou próximas a corpos d'água devem redobrar a atenção nos próximos dias. Melhor prevenir que… bem, todo mundo viu o que acontece quando não se previne.

Manaus, uma cidade cercada por água por todos os lados, parece estar sempre nessa dança delicada com a natureza. Às vezes, a música para de repente — e o salão fica em silêncio, só com o som da destruição.