
O que começou como um domingo tranquilo, daqueles que convidam a um mergulho refrescante, terminou em angústia para uma família no interior do Amapá. A tarde de 28 de setembro, que prometia ser mais um dia comum no verão amazônico, transformou-se num pesadelo às margens do rio Araguari.
Um menino de apenas 11 anos — cujo nome, por respeito à família, não vou mencionar aqui — estava aproveitando as águas do rio na comunidade chamada Ressaca, que fica a uns 70 quilômetros de Macapá. A vida no interior tem dessas coisas: os rios são como quintais, piscinas naturais onde a criançada cresce se banhando. Mas às vezes a natureza prega peças terríveis.
O momento do desaparecimento
Testemunhas contam que tudo aconteceu rápido, num piscar de olhos. O garoto estava se divertindo com outras crianças quando, de repente, simplesmente sumiu da vista de todos. Não houve grito, nem agitação — apenas o silêncio assustador das águas que engoliram aquele menino.
O Corpo de Bombeiros foi acionado quase imediatamente, mas você sabe como é — nessas áreas mais afastadas, tudo demora um pouco mais. Quando as equipes chegaram, o sol já começava a se despedir do dia, o que complica qualquer operação de busca.
As buscas não param
Até o fechamento desta matéria, as equipes continuavam vasculhando cada centímetro daquele trecho do Araguari. São homens dedicados, que conhecem bem os perigos dos rios da região — as correntezas enganosas, os buracos súbitos no leito, a visibilidade que some em segundos.
Usam barcos, varrem as margens, mergulham quando possível. É um trabalho que exige paciência e perseverança, duas qualidades que não faltam a esses profissionais.
Um alerta necessário
Essa história me fez lembrar de algo importante: por mais que os rios sejam parte da nossa cultura e do nosso dia a dia, eles merecem respeito. As águas doces podem ser traiçoeiras, mudando de humor sem aviso prévio.
Quem mora no interior sabe disso, mas sempre acha que «aqui comigo não acontece». Até que acontece. E aí o preço é alto demais.
Enquanto escrevo estas linhas, torço — como qualquer ser humano decente torceria — por um final feliz para essa história. Mas a realidade, às vezes, é dura. Resta esperar e apoiar as equipes que não medem esforços para trazer esse menino de volta para casa.