
O clima esquentou em Itajubá – e não foi por causa do café coado na praça. Três figuras públicas acabaram de levar uma rasteira da Justiça depois de uma trama que misturou política, pandemia e muito, mas muito mau-caratismo.
Imagina só: estamos no auge daquele caldeirão de incertezas de 2020, com todo mundo tentando não pirar. A juíza Danielle Salomão Rubim resolveu fechar o comércio da cidade, seguindo à risca as recomendações sanitárias. Uma decisão dura, claro, mas necessária – pelo menos na visão de quem prezava pela vida.
Mas parece que a galera do "abre-tudo" não engoliu a pílula. E partiu para a intimidação pura. O que era para ser um debate sobre saúde pública virou um festival de ameaças torpes contra a magistrada.
Os envolvidos? Ninguém menos que um vereador (João Batista de Carvalho Neto, o popular Jãozinho da Farmácia), o controlador geral do município (Alexandre Alves Ferreira) e um agente da Guarda Civil Municipal (Gleidson Melo). Gente que, em tese, deveria zelar pela ordem – não perturbar ela.
A sentença saiu agora, e foi um balde de água fria nos três. Eles escaparam da cadeia, é verdade – a Justiça às vezes dá essas voltas. Mas foram condenados a penas restritivas de direitos. Tem prestação de serviços comunitários, tem pagamento de multa… ou seja, uma bela dor de cabeça.
O juiz Rodrigo de Castro Silva, da 2ª Vara Criminal, não teve dúvidas: classificou as mensagens como "violentas" e "ameaçadoras". Disse ainda que o objetivo era claro: coagir a colega de toga a rever suas decisões. Uma tentativa de assédio institucional, para dizer o mínimo.
E olha o detalhe: a defesa tentou argumentar que eram apenas "críticas". Críticas, o quê! O Ministério Público escancarou o teor agressivo e misógino das palavras – um ataque não só à função, mas à pessoa.
O caso todo veio à tona depois de uma representação criminal do próprio MP. A investigação apurou o envio de mensagens por aplicativo e e-mail, num verdadeiro cerco digital à juíza.
Para a magistrada, que seguiu firme no seu dever, a condenação é um alívio. Um sinal de que a Justiça não se dobra a pressões – por mais que venham de quem deveria, sabe-se lá, ajudar.
Itajubá, que já tinha história pra contar, ganhou mais um capítulo turbulento. E que fique o aviso: ameaçar juiz não é brincadeira de gente grande. O tiro, quase sempre, sai pela culatra.