A Eve Air Mobility, empresa subsidiária da Embraer, marcou um momento histórico para a aviação brasileira nesta sexta-feira (19). O primeiro protótipo do chamado carro voador, um eVTOL (veículo elétrico de pouso e decolagem vertical), realizou seu voo inaugural na pista de aviação da fábrica da Embraer em Gavião Peixoto, no interior de São Paulo.
Um voo histórico e os próximos passos
O voo, considerado suave e estável pela equipe, foi realizado sem piloto a bordo, em uma decisão estratégica para acelerar o desenvolvimento. De acordo com Johann Bordais, CEO da Eve, este é apenas o começo de uma extensa campanha de testes. Centenas de voos estão programados para os próximos 12 meses com este protótipo de engenharia.
O plano inclui a construção de um total de seis veículos protótipos, alguns deles tripulados, para o processo de certificação junto à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). A expectativa da empresa é obter a certificação e iniciar a produção em série, com as primeiras entregas comerciais previstas para 2027.
Detalhes do veículo e da operação comercial
O eVTOL da Eve tem capacidade para transportar até cinco pessoas: um piloto e quatro passageiros. Sua autonomia é de aproximadamente 100 quilômetros, ideal para trajetos urbanos curtos, como deslocamentos entre bairros, centros comerciais e aeroportos.
A produção em série será feita em uma nova planta industrial na cidade de Taubaté (SP), com capacidade para fabricar até 480 unidades por ano. A empresa já conta com uma carteira de pedidos expressiva, recebendo cerca de 3 mil encomendas para o modelo.
Preço acessível e primeiras rotas
Um dos objetivos declarados pela Eve é democratizar o transporte aéreo urbano. A empresa estima que o custo de uma viagem será mais próximo ao de um carro por aplicativo do que ao de um voo de helicóptero. Em um estudo de operação, foi simulado um preço a partir de R$ 99 para um trajeto entre a Barra da Tijuca e o Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro.
O serviço deve operar de forma semelhante aos aplicativos de mobilidade terrestre, onde os passageiros poderão comprar assentos em rotas específicas oferecidas por operadores. As primeiras operações estão previstas para cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e São Francisco (EUA), além de outros países como Noruega, Austrália e Reino Unido.
O sucesso do primeiro voo já repercutiu internacionalmente e gerou otimismo no mercado, valorizando as ações da Embraer. A empresa projeta que a frota global de eVTOLs pode atingir 30 mil unidades até 2045, transportando mais de 3 bilhões de passageiros e gerando uma receita acumulada na casa dos US$ 280 bilhões.
