A história de Natani Santos, uma mulher que teve parte do lábio arrancada pelo seu próprio cachorro da raça chow-chow, em Ji-Paraná (RO), foi uma das mais impactantes e acompanhadas no estado em 2025. O episódio, traumático e inesperado, marcou sua vida de forma profunda, mas também se tornou um ponto de partida para uma jornada de resiliência e recomeço.
O dia que mudou tudo: o ataque inesperado
O acidente aconteceu no dia 5 de maio de 2025, dentro da casa onde Natani morava. O animal envolvido era Jacke, um cão da raça chow-chow que ela havia adotado ainda filhote e que era seu companheiro havia cinco anos. Naquele dia, sem nenhum aviso claro, a situação mudou radicalmente.
Natani estava perto do cachorro quando Jacke rosnou e, em seguida, partiu para um ataque rápido e inesperado. A investida resultou em um ferimento grave no rosto da tutora, com parte do lábio superior sendo arrancada. Ferida, ela correu para um hospital, recebeu os primeiros atendimentos e teve alta no mesmo dia, mas o dano físico já estava feito e era significativo.
As consequências imediatas e a busca por reconstrução
Preocupado com a segurança da família, especialmente das crianças, Tiago Pinto, marido de Natani, levou o cão ao Centro de Zoonoses de Ji-Paraná. Lá, ele assinou uma autorização para eutanásia, caso fosse necessário. O animal ficou cinco dias em observação e, segundo a Secretaria Municipal de Proteção e Bem-Estar Animal, apresentava um comportamento de "agressividade extrema". Exames descartaram raiva e outras doenças, mas mesmo assim, a decisão pelo sacrifício foi mantida.
O caso ganhou enorme repercussão nas redes sociais, especialmente após a notícia da eutanásia do cachorro. A discussão foi intensa e mobilizou milhares de internautas. Natani e seu marido começaram a receber ataques e ameaças online, o que acrescentou um sofrimento emocional à dor física já vivida.
Psicologicamente abalada, Natani não conseguiu mais permanecer na casa onde o ataque ocorreu. Sentir-se no local era como reviver o trauma. Por isso, ela tomou a decisão de voltar para sua cidade natal, Rio Branco, no Acre, em busca de um novo começo.
A jornada de superação e o recomeço
A história de Natani chamou a atenção do Projeto Leozinho, uma iniciativa sediada em Santa Catarina que oferece procedimentos gratuitos de reconstrução facial. Ela viajou até o estado e já realizou duas etapas da cirurgia, que envolveram a reconstrução do lábio e preenchimento. Agora, aguarda a terceira e última intervenção cirúrgica.
Mas a reconstrução não foi apenas física. Em seu primeiro pronunciamento após o acidente, Natani compartilhou sua luta para retomar a vida. "Eu tive que recomeçar", afirmou. De volta ao Acre, ela retomou atividades que ama e que são fundamentais para seu bem-estar: a dança e o canto.
"Voltei a treinar, afinal faz muito bem para a minha cabecinha, ela estava uma bagunça. Retomei alguns projetos que estavam parados, voltei a cantar e agora canto em alguns eventos particulares", relatou. Ela também buscou apoio psicológico e o suporte da família para reconstruir sua confiança.
O aprendizado que veio da dor
No início, Natani tentou apagar o episódio. Ela evitava falar sobre o assunto, deletou vídeos relacionados ao acidente e até os registros do pronunciamento do marido. O desejo era esquecer. Com o tempo, porém, veio uma compreensão mais profunda.
"Eu só queria esquecer, até entender que esquecer é impossível; o negócio é aprender a lidar. Afinal, aconteceu, né!? Foi traumatizante, porém aprendi muito", refletiu. "Vi quem realmente está ao meu lado, aprendi que não sou fraca e que tenho uma força que nem eu sabia que tinha".
Atualmente, através de suas redes sociais, Natani compartilha momentos da sua rotina, que considera fundamentais para sua recuperação emocional. Sua trajetória, que começou com um acidente doméstico trágico em Ji-Paraná, se transformou em um testemunho público de resiliência, mostrando que mesmo dos momentos mais difíceis é possível extrair força e seguir em frente.