Quedas Superam Acidentes de Moto em Campina Grande: Alerta para Riscos Domésticos
Quedas superam acidentes de moto em Campina Grande

Quem diria, não é mesmo? Enquanto todo mundo foca nos perigos das ruas – motos cortando o trânsito, carros em alta velocidade –, um inimigo silencioso e muito mais próximo está derrubando (literalmente) a população de Campina Grande. Os números são do Hospital de Trauma, e são, no mínimo, surpreendentes.

De janeiro a agosto deste ano, o hospital registrou nada menos que 1.292 vítimas de quedas. Sim, você leu certo. Quedas. Daquelas bobas, da escada de casa, do degrau quebrado da calçada, do tapete que enrola. Agora, segure-se: o mesmo período contabilizou 677 acidentes com motos. A matemática é cruel e reveladora: as quedas são quase o dobro dos acidentes de trânsito envolvendo motocicletas.

O Perigo Mora em Casa... e na Calçada

Parece brincadeira, mas a realidade é séria – e dolorida. O perfil das vítimas? Majoritariamente idosos, aqueles que já carregam uma história de vida e, por vezes, uma ossatura mais frágil. Mas não só. Crianças com toda a energia do mundo e adultos distraídos também engrossam essa estatística preocupante.

As causas são as mais variadas, e é aí que mora o perigo. Por serem tão cotidianas, a gente simplesmente ignora os riscos. Um piso molhado, uma escada sem corrimão, um brinquedo esquecido no meio da sala. Às vezes, basta um segundo de desatenção para uma fratura, um trauma, uma longa recuperação.

Por Que Isso é Tão Subestimado?

Boa pergunta. Talvez porque acidente de moto seja espetacular – barulho de metal, vidro quebrando, sirenes. Já uma queda... ah, é só uma queda. "Eu escorreguei". "Tropeciei". Soa quase como um evento menor, uma coisa boba. Até você ser o próximo a precisar do Trauma com um braço ou uma perna quebrada.

Os médicos e enfermeiros de plantão veem a crueza desses números todos os dias. São luxações, fraturas de fêmur, de punho, traumas cranianos. Pessoas que, em um piscar de olhos, veem sua autonomia ir embora por causa de um simples desequilíbrio.

Um Chamado para a Atenção (e para a Ação)

O que fazer, então? A resposta não é simples, mas começa com o óbvio: prevenção. E não falo daquela prevenção complexa, cheia de regras. Falo do básico que a gente sempre adia:

  • Iluminação: Aquela lâmpada queimada no corredor? Troque. Já.
  • Corrimãos: Eles não são enfeite. São itens de segurança, principalmente para os mais velhos.
  • Organização: Mantenha os caminhos livres. Fios, tapetes soltos, brinquedos... tudo é armadilha em potencial.
  • Calçadas: Cobre do poder público a manutenção. Um buraco ou um desnível pode ser uma sentença.

É um trabalho de formiguinha, eu sei. Mas os dados gritam por uma mudança de mentalidade. Enquanto discutimos o trânsito – que é importantíssimo –, estamos negligenciando a guerra particular que travamos dentro de nossas próprias casas. Campina Grande precisa acordar para esse perigo invisível. Antes que o chão, mais uma vez, vença a batalha.