Uma cena que começou como busca por adrenalina terminou em susto e dor. Uma jovem de 26 anos sofreu um acidente grave durante um salto de bungee jump no Viaduto Sumaré, na Zona Oeste de São Paulo, no início de outubro. O vídeo do incidente, que circulou nas redes sociais, mostra o momento em que Tathiane Rosa Costa é lançada do vão do viaduto e, ao ser puxada de volta pela corda elástica, bate a cabeça com violência na estrutura de concreto.
O relato do acidente e a falta de socorro
Tathiane, que nunca havia feito bungee jump antes, aceitou o convite de um amigo para a experiência. Ela conta que seguiu todas as instruções dos instrutores da empresa que prestava o serviço no local, incluindo a posição "de aviãozinho", com os braços abertos e de barriga para baixo. "Segui exatamente o que eles me falaram", afirmou.
No entanto, algo deu errado. Quando a corda atingiu seu limite de extensão e a puxou para cima, a jovem não conseguiu evitar a colisão. "No momento que eu bato a cabeça, eu sinto bastante o impacto e a cabeça já começa a doer. Só que eu não apago, porque provavelmente eu estava ligada na adrenalina", descreveu Tathiane.
Ela relata que, mesmo após o acidente, não recebeu os primeiros socorros da equipe que organizou o salto. Para completar, mesmo com o ocorrido, ela ainda precisou pagar pelo serviço. O amigo que saltou antes dela também teria encostado no viaduto, e a pessoa que filmou chegou a pensar que Tathiane havia morrido.
Prática proibida e histórico de acidentes
O que Tathiane e muitos outros praticantes não sabiam é que a atividade é expressamente proibida no local. A Prefeitura de São Paulo confirmou que atividades como rapel e bungee jump no viaduto da Avenida Sumaré não são autorizadas.
Este não é o primeiro incidente do tipo. Há vinte anos, um homem caiu de uma altura de 27 metros e quebrou o braço. Em 1999, um instrutor de mergulho despencou durante um rapel no mesmo viaduto e sofreu fraturas expostas em ambas as pernas. Apesar da proibição e do histórico, a prática segue atraindo pessoas, muitas vezes anunciada abertamente nas redes sociais.
O viaduto tem cerca de 30 metros de altura e sua proximidade com uma estação de metrô o torna um ponto de encontro popular para interessados e empresas que operam na ilegalidade.
Alerta e fiscalização
Tathiane, que passou por atendimento médico e fará uma tomografia para verificar possíveis lesões, diz que não tinha ideia da irregularidade. "Jamais ia colocar a minha vida em risco", declarou. Ela espera que seu relato sirva de alerta para outras pessoas. "Estou alertando do meu acidente, que acontecem acidentes naquele local."
Em nota, a Prefeitura informou que a Subprefeitura da Lapa, com apoio da Guarda Civil Metropolitana, realiza fiscalizações periódicas no local. A administração municipal também orienta que a população registre solicitações de fiscalização pelo canal 156.
Ao final da tarde de um sábado recente, o local estava vazio, sem a movimentação costumeira de aventureiros, deixando no ar a pergunta sobre quando a próxima tentativa de pular no vazio, sob uma estrutura de concreto, pode terminar em nova tragédia.