Jovem de 19 anos morre após invadir jaula de leoa no zoológico de João Pessoa
Homem morto por leoa após entrar em jaula em zoológico da PB

Um jovem de 19 anos perdeu a vida após invadir o recinto de uma leoa no Parque Arruda Câmara, conhecido como Bica, em João Pessoa, na Paraíba. O fato ocorreu no domingo, dia 30 de junho, e chocou a cidade. A vítima, identificada como Gerson de Melo Machado, subiu na estrutura da jaula e usou uma árvore interna como apoio para entrar no espaço do animal, sendo atacado em seguida.

Investigação policial descarta falhas iniciais

A delegada Josenise Andrade, responsável pelas investigações preliminares, esteve no plantão no dia do ocorrido. Ela informou que, em uma primeira análise, não foram identificadas falhas de segurança no recinto da leoa. A autoridade policial considera o caso como um fato atípico e afirmou que as informações iniciais indicam que o local obedece a todos os critérios técnicos exigidos.

A delegada solicitou exames periciais no recinto e no corpo da vítima, além de imagens de câmeras de segurança. Como o caso não se configura como homicídio, o inquérito deve ser remetido para a Superintendência da Polícia Civil do estado, que definirá a delegacia distrital responsável, provavelmente a 2ª Delegacia Distrital de João Pessoa, localizada no Centro.

Ministério Público abre investigações sobre o zoológico

Paralelamente à apuração policial, o Ministério Público da Paraíba (MPPB) tem dois procedimentos abertos para investigar o caso. Um deles analisa possíveis irregularidades apontadas em um relatório da Superintendência de Administração do Meio Ambiente (Sudema).

As supostas falhas estruturais listadas incluem:

  • Rede de esgoto com tubulações antigas e sem planejamento de manutenção.
  • Infiltrações severas e perda de pressão hídrica.
  • Armazenamento inadequado de resíduos, inclusive infectantes do ambulatório.
  • Falta de controle eficaz da entrada de lixo da comunidade vizinha.

Em relação aos animais, o relatório apontou:

  • Falhas graves na marcação individual.
  • Ausência de microchipagem obrigatória para algumas espécies.
  • Registros inconsistentes no Sisfauna (Sistema Nacional de Gestão da Fauna Selvagem).
  • Falta de atualização de nascimentos, óbitos, furtos e abates desde fevereiro deste ano.

O segundo procedimento do MP busca esclarecer quais os padrões técnicos de segurança adotados no recinto e no manejo da fauna. O órgão também quer saber se foram realizados exames médicos no animal antes e depois do incidente.

Contexto do ocorrido e repercussão

Um vídeo que circulou nas redes sociais mostra o momento em que Gerson invade o recinto. Nas imagens, é possível vê-lo escalando a lateral da jaula e, após entrar, sendo atacado pela leoa. O jovem não resistiu aos ferimentos.

Informações de uma conselheira tutelar indicam que Gerson tinha esquizofrenia e havia sido tratado com descaso pelo Estado. O caso ganhou grande repercussão, inclusive na imprensa internacional, levantando debates sobre segurança em zoológicos, saúde mental e a responsabilidade do poder público.

As investigações seguem em andamento para apurar todas as circunstâncias da tragédia no principal zoológico da capital paraibana.