O corpo da técnica em química Roberta dos Reis Costantin foi localizado na manhã deste sábado, 20 de abril, no Rio Jacuí, encerrando quatro dias de buscas intensas. A servidora pública da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) desapareceu na última terça-feira, 16, após cair nas águas do rio enquanto realizava coleta de amostras para pesquisa na cidade de Dona Francisca, no Rio Grande do Sul.
Como aconteceu o acidente fatal
De acordo com relatos de testemunhas repassados ao Corpo de Bombeiros, Roberta estava vestindo uma roupa pantaneira – um tipo de uniforme impermeável e resistente – e se encontrava em uma rampa no antigo Porto de Dona Francisca. Ela realizava a coleta de água, uma atividade de rotina, quando perdeu o equilíbrio, caiu no Rio Jacuí e afundou rapidamente.
Um colega que acompanhava o trabalho testemunhou o acidente, mas não conseguiu realizar o resgate devido à forte correnteza do rio. A própria roupa especial, projetada para proteção, pode ter dificultado que a técnica voltasse à superfície, conforme avaliação das autoridades. Imediatamente, ela foi arrastada pela água e desapareceu de vista.
Operação de busca e localização
As buscas pela servidora começaram ainda na terça-feira e se estenderam até este sábado. A operação contou com a colaboração da empresa responsável pela usina hidrelétrica de Dona Francisca, que reduziu a vazão do rio para facilitar as atividades de procura. Durante os trabalhos, objetos de trabalho utilizados por Roberta no momento do acidente já haviam sido encontrados.
A localização do corpo só foi possível na manhã de sábado, quando pescadores avistaram algo no Rio Jacuí e acionaram o Corpo de Bombeiros. O capitão Hortencio Costa Machado Junior confirmou que uma equipe foi deslocada para o local, chamado Remanso das Taquareiras, na localidade de Várzea do Agudo, interior do município de Agudo.
O ponto onde o corpo foi encontrado fica a aproximadamente 2,7 quilômetros do antigo Porto de Dona Francisca, local da queda. A identidade de Roberta foi confirmada em seguida pelos bombeiros.
Quem era Roberta e a importância do seu trabalho
Roberta dos Reis Costantin era uma técnica em química concursada na Fepam. Ela havia ingressado na fundação em outubro de 2024, como parte de um grupo de mais de 50 novos servidores. Atuava na divisão de laboratório da instituição.
Formada pelo Instituto Federal Farroupilha (IFRS) de Caxias do Sul, ela também cursava graduação em Química na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
A coleta que realizava no momento do acidente fazia parte do Programa de Monitoramento da Qualidade das Águas Naturais (Qualiágua). Este programa acompanha as condições das águas em todo o estado, com coletas realizadas a cada três meses para avaliar variações na qualidade ao longo do tempo. Era, portanto, uma atividade de rotina essencial para a gestão ambiental do Rio Grande do Sul.
A tragédia evidencia os riscos inerentes ao trabalho de campo realizado por profissionais dedicados à pesquisa e à proteção ambiental, muitas vezes em condições desafiadoras. A comunidade científica e ambiental gaúcha lamenta a perda de uma profissional em início de carreira, comprometida com a ciência a serviço da sociedade.
