Tragédia no Litoral do RN: Pescadores Desaparecem Após Naufrágio em Touros
Naufrágio em Touros: 4 pescadores desaparecidos

O mar, que sempre foi fonte de sustento, mostrou sua face mais cruel neste fim de semana em Touros. Aquele sábado comum, 12 de outubro, começou como qualquer outro para os pescadores locais — mas terminaria em angústia.

Por volta das 5h da manhã, um barco de pesca simples, daqueles que cortam as águas há décadas, partiu do Pontal do Marco. Levava quatro homens, todos com histórias entrelaçadas com o oceano. A previsão era de retorno ainda pela manhã. Só que as horas foram passando, e o barco simplesmente não voltou.

O Desespero Cresce

Quando o almoço veio e se foi sem sinal deles, o frio na espinha começou. Quem vive do mar conhece seus humores — e sabia que algo estava muito errado. As famílias, aquela gente acostumada a esperar, sentiram o peso das horas de forma diferente.

O Corpo de Bombeiros foi acionado por volta do meio-dia. Mas aí, meu Deus, já fazia sete horas que o barco deveria ter voltado. Sete horas! Tempo demais no mar.

As Buscas Não Param

A Marinha do Brasil entrou na jogada com tudo — lançou uma lancha de patrulha e um helicóptero AH-15B Super Cougar. Imagine a cena: aquela máquina barulhenta sobrevoando a costa, enquanto embarcações vasculham as águas verdes.

Eles concentraram os esforços na área entre a Praia do Marco e a Praia do Calcanhar. A correnteza, segundo os especialistas, pode ter levado os homens para mais longe do que se imagina. O vento nordeste, constante nessa época, não ajuda nem um pouco.

Até agora — e isso é o que mais dói — nenhum sinal. Nem dos homens, nem do barco, nem dos equipamentos de pesca. Nada. O silêncio do mar é a pior resposta.

Quem São Esses Homens?

A gente fala em "quatro pescadores" como se fossem números. Mas são histórias. São pais, maridos, filhos. Homens que conhecem cada recife daquela costa como a palma da mão.

O mais experiente tem mais de trinta anos de mar. Já enfrentou tempestades que fariam qualquer um tremer. Os outros — mais jovens, mas nem por isso menos capazes — cresceram ouvindo histórias de pescaria.

E agora são eles a história.

O Que Diz Quem Entende

Conversei com um velho pescador aposentado — não quis se identificar, mas conhece aquelas águas melhor que ninguém. Ele me disse, com a voz embargada: "O mar dá, o mar toma. Mas a gente nunca se acostuma quando toma".

As condições naquele sábado? Normais, segundo os meteorologistas. Nada de alertas. O que torna tudo mais misterioso — e mais doloroso.

Enquanto isso, em terra firme, as famílias se revezam na vigília. Olhos fixos no horizonte, esperando por qualquer movimento. Qualquer sinal. Qualquer coisa.

A Defesa Civil municipal está prestando todo o apoio — mas que apoio pode aliviar essa angústia? A esperança, essa teimosa, ainda resiste. As buscas continuam sem trégua.

O litoral do Rio Grande do Norte, tão cheio de vida e de turistas, hoje carrega o peso de quatro vidas que o mar não quis devolver. Pelo menos não ainda.