Uma experiência de lazer transformou-se em um pesadelo de 19 horas para o empresário Sidnei Junior Lipert. Após cair de uma moto aquática na Lagoa dos Quadros, em Capão da Canoa, no Litoral Norte do Rio Grande do Sul, ele passou uma noite inteira à deriva, lutando contra o frio, o cansaço e as câimbras, até ser finalmente resgatado por equipes de busca.
O momento do acidente e o início do drama
Tudo aconteceu no fim da tarde de domingo, 14 de janeiro. Lipert pilotava o jet ski quando, por um descuido, o equipamento deu uma "rabiada" e o arremessou na água. O empresário, que usava colete salva-vidas, viu a moto aquática ser levada pelo vento, enquanto ele ficava para trás, sem que seus amigos percebessem imediatamente a queda.
"Veio duas ondas, eu estava um pouco na velocidade, poderia estar um pouco mais devagar. E, por um descuido, o jet me jogou", confessou o sobrevivente ao reconstituir o momento do acidente.
A longa noite de espera e a luta pela sobrevivência
Inicialmente, Lipert acreditou que conseguiria nadar até a margem. No entanto, ao observar ao seu redor, percebeu a dimensão do desafio: estava a aproximadamente 6 quilômetros de distância de ambas as margens.
Com o passar das horas, o desespero começou a aumentar. As tentativas de nado foram frustradas pelo cansaço extremo e pelo surgimento de fortes câimbras. Enquanto isso, à distância, ele via as luzes das lanternas de seus amigos e das primeiras equipes de busca, que se concentravam na área onde a moto aquática foi encontrada, por volta das 22h30 daquele domingo.
"Já comecei a ficar mais desesperado. Começou a me puxar muito a câimbra. Eu via eles de longe, me procurando, mas era muito longe", relatou Lipert. A pergunta que ecoava em sua mente durante a noite escura e a manhã seguinte era: "Quanto tempo meu corpo vai aguentar?".
O resgate e o alívio após 19 horas
As buscas sistemáticas foram retomadas na manhã de segunda-feira, 15 de janeiro, com a atuação integrada da Patrulha Ambiental (Patram) da Brigada Militar e do Corpo de Bombeiros Militar.
O ponto crucial para o salvamento foi a decisão do soldado Rafael Bueno, do Comando Ambiental, de ampliar a área de procura. Por volta das 13 horas da segunda-feira, ele avistou a vítima flutuando com o auxílio do colete. Sidnei Lipert foi encontrado exausto, mas vivo, a cerca de sete quilômetros do local onde o jet ski havia sido localizado.
"Sensação de alívio, total felicidade. Eu só queria avisar a minha família", declarou o empresário após o resgate. Ele foi inicialmente levado a uma marina em Capão da Canoa e, em seguida, encaminhado para atendimento médico no Hospital Santa Luzia.
A história de Sidnei Junior Lipert serve como um alerta sobre os riscos envolvendo esportes aquáticos e a importância de medidas de segurança, como o uso do colete salva-vidas, que foi fundamental para manter sua flutuação durante as longas horas de espera pelo socorro.