
Que golpe do destino, hein? A cena cultural baiana — e porque não dizer a brasileira — acorda hoje mais silenciosa. César Romero, aquele baiano de presença marcante e traços geniais, partiu de forma tão súbita quanto trágica. Aos 74 anos, uma simples refeição em casa transformou-se em despedida.
Engasgar. Algo tão banal, tão cotidiano, e que no entanto roubou do mundo um artista completo. A notícia correu rápido entre amigos e admiradores, deixando todos atônitos. Como assim? César Romero? Aquele homem cheio de vida, de projetos, de histórias para contar?
Uma carreira que era pura celebração da baianidade
O cara era, sem exagero nenhum, uma instituição. Nascido e criado na Bahia, César respirava arte desde sempre. Suas obras — sejam elas pinturas, esculturas ou intervenções — carregavam aquela alma peculiar do povo baiano, mas com um toque único, inconfundível.
Quem teve o privilégio de conhecê-lo pessoalmente sabe: ele não era daqueles artistas distantes, inacessíveis. Pelo contrário! Adorava uma boa prosa, um café compartilhado, rir das próprias histórias. E que histórias! Setenta e quatro anos bem vividos, diga-se de passagem.
O vazio que fica
Agora, a pergunta que não quer calar: como seguir sem sua energia contagiante? Sem aquelas piadas espontâneas nos vernissages? Sem aquela maneira peculiar de ver o mundo e transformá-lo em arte?
O legado, felizmente, permanece. Suas obras continuam por aí, espalhadas por galerias, coleções particulares, espaços públicos. Cada traço, cada cor, cada forma — testemunhas mudas de um talento que transcendia o convencional.
Mas a verdade é que acidentes domésticos como esse nos pegam desprevenidos. A gente sempre acha que são coisas que acontecem com os outros, nunca conosco ou com aqueles que amamos. Um alerta cruel — e ao mesmo tempo necessário — sobre como a vida pode ser frágil.
Enquanto a família e amigos mais próximos se recolhem para lidar com a dor da perda, o reconhecimento público não para de chegar. Nas redes sociais, nos grupos de WhatsApp, nos círculos artísticos — uma só voz de pesar e celebração por uma vida tão bem vivida.
César Romero deixa saudades. Deixa obra. Deixa exemplo. E nos lembra, da maneira mais dura possível, de valorizar cada momento, cada abraço, cada risada compartilhada. A arte baiana perde um de seus filhos mais brilhantes, mas o que ele construiu ecoará pela eternidade.