Era questão de tempo. A Segunda Avenida em Porto Alegre sempre foi aquela via que todo motociclista encarava com o coração na mão — um verdadeiro campo minado sobre o asfalto. Agora, a prefeitura resolveu tomar uma atitude drástica, e cá entre nós, já estava mais do que na hora.
Desde segunda-feira, quem circula por ali se depara com uma novidade que está dando o que falar: uma faixa exclusiva para motos, pintada de azul e bem visível, entre a Avenida Assis Brasil e a Rua Dona Alice. O teste vai durar seis meses, mas a sensação é que veio para ficar.
Números que Assustam
Você não vai acreditar — ou melhor, vai, porque qualquer pessoa que já andou por lá sabe como é. Só nos últimos três anos, essa avenida foi palho de 14 mortes no trânsito. Quatorze vidas que se foram! Desse total, nove eram justamente motociclistas. Uma verdadeira carnificina que ninguém aguentava mais ver.
E olha que o problema não é novo. A EPTC já vinha monitorando essa área com um misto de preocupação e desespero. A velocidade permitida é de 60 km/h, mas todo mundo sabe que na prática o negócio é bem diferente. Os carros parecem estar numa pista de corrida, e as motos — ah, as motos — ficam ali, espremidas entre os veículos, numa dança perigosa que frequentemente termina em tragédia.
Como Funciona na Prática
A faixa azul está lá, demarcada e tudo mais, mas a grande dúvida é: os motoristas vão respeitar? A verdade é que ainda está todo mundo se acostumando com a novidade. Nos primeiros dias, dava para ver a confusão estampada no rosto das pessoas — alguns carros invadindo o espaço, outras motos ainda com receio de usar.
Mas a ideia tem seu mérito, não tem como negar. Separar o fluxo é como dar a cada um seu próprio espaço vital nesse caos urbano. A faixa fica no meio da pista, longe das portas dos carros estacionados (aquele pesadelo de todo motoboy) e mais protegida dos pontos cegos dos veículos maiores.
O Que Dizem as Autoridades
O presidente da EPTC, Tiago Coelho, praticamente implorou pela compreensão de todos. "É um projeto piloto, gente! Precisamos dar uma chance à segurança", disse ele, com aquela voz de quem já viu muita coisa feia no trânsito. A prefeitura promete ficar de olho nos números — acidentes, fluxo, tempo de viagem — antes de decidir se a medida vira permanente.
E tem mais: se der certo, pode ser que a gente veja essa faixa azul se espalhando por outras avenidas problemáticas da cidade. Quem sabe não estamos testemunhando o início de uma pequena revolução no trânsito de Porto Alegre?
E os Motociclistas?
Bom, a opinião ainda está dividida. Tem quem adore a ideia — "finalmente nos deram um espaço só nosso!" — e tem quem ainda esteja cético — "vai funcionar mesmo, ou é só mais uma jogada de marketing?".
O fato é que, para uma cidade que vem acumulando números tristes no trânsito, qualquer iniciativa em prol da segurança já é um alívio. Resta torcer para que os condutores — de moto e de carro — entendam que no final das contas, estamos todos no mesmo time: o time de quem quer chegar vivo em casa.
Seis meses voam. Até lá, a Segunda Avenida vai ser um grande laboratório a céu aberto. E talvez, só talvez, possamos ver aquela avenida deixar de ser a campeã de acidentes fatais para se tornar exemplo de inovação no trânsito. Tomara!
