Do Coma ao Tribunal: A Batalha de 2 Anos de Luisa Baptista Após Atropelamento que Chocou o Esporte
Triatleta no júri: 2 anos após coma por atropelamento

Imagine acordar de um pesadelo que durou sessenta dias. Para Luisa Baptista, isso não foi figura de retórica, mas a realidade crua que enfrentou quando emergiu de um coma profundo. A triatleta, que já havia representado o Brasil em competições internacionais, viu sua vida virar de cabeça para baixo numa simples tarde de abril, na movimentada Avenida São Carlos.

Era 10 de abril de 2023, data que ficaria marcada a fogo em sua memória — se é que o cérebro permite guardar lembranças de momentos tão traumáticos. Enquanto treinava, focada nas próximas competições, uma motocicleta surgiu como um raio em dia de sol. O impacto foi tão brutal que, sinceramente, é milagre ela estar aqui para contar a história.

Do asfalto à UTI: os meses que definiram uma vida

Dois meses. Sessenta dias de incerteza absoluta. Enquanto Luisa lutava pela vida numa UTI, sua família vivia no limite entre a esperança e o desespero. Os médicos, vamos combinar, não davam muitas certezas — quem já passou por situação semelhante sabe como é angustiante.

E o motociclista? Ah, essa parte é particularmente revoltante. O tal Willian Domingos de Almeida, de 27 anos, simplesmente deu no pé. Deixou a atleta jogada no asfalto como se fosse lixo. Só foi identificado e preso em flagrante porque, felizmente, testemunhas anotaram a placa da moto. Coisa de cinema, mas era a vida real se desenrolando nas ruas de São Carlos.

A longa caminhada até o tribunal

Dois anos se passaram. Dois anos de fisioterapia, dor, frustração e, também, de pequenas vitórias. Enquanto isso, o processo judicial seguia seu curso lento — porque justiça no Brasil, meus amigos, tem o ritmo de uma tartaruga com artrite.

O tal Willian, que inicialmente respondia em liberdade, agora vai a júri popular por tentativa de homicídio doloso. A defesa dele, pasmem, chegou a alegar que Luisa teria invadido a preferencial. Só que as testemunhas e as câmeras de segurança contam outra história bem diferente.

O que esperar do júri?

O julgamento está marcado para 5 de novembro, no Fórum de São Carlos. Serão sete jurados comuns — como você e eu — decidindo o futuro desse rapaz. A promotora Bruna Camargo Mosqueira não está brincando em serviço: pede condenação por tentativa de homicídio com três agravantes, incluindo aquela que mais dói — abandono da vítima.

E Luisa? Bom, ela segue se recuperando. Ainda sente sequelas — um joelho que não funciona como antes, dores que insistem em não ir embora. Mas o espírito de lutadora que a fez triatleta permanece intacto. Recentemente, voltou a competir, ainda que em nível amador. É como se cada braçada na piscina, cada pedalada na bike, fosse um recado para o destino: você não me venceu.

O caso, entre tantos acidentes de trânsito que acontecem diariamente no Brasil, ganhou notoriedade não apenas pela gravidade, mas pela personalidade pública da vítima. Luisa não era uma anônima — era atleta de alto rendimento, com história, com sonhos, com uma carreira pela frente.

Resta torcer para que a justiça, finalmente, faça seu papel. E que a história de Luisa sirva de alerta para tantos motociclistas que insistem em tratar as ruas como pista de corrida. Porque no fim das contas, como diz o velho ditado, o seguro morreu de velho — mas nem todos têm a mesma sorte de Luisa para contar a história.