
Aquele trecho da TO-255 nunca mais será o mesmo. Quem passa por lá hoje vê a paisagem transformada — uma ponte que simplesmente não existe mais, substituída por um vão assustador sobre as águas do rio Manuel Alves.
Tudo começou naquela sexta-feira, 11 de outubro, quando um caminhão carregado até as tampas com defensivos agrícolas simplesmente não conseguiu frear a tempo. O peso brutal do veículo, somado à carga preciosa — e perigosa — que transportava, foi suficiente para fazer a estrutura da ponte literalmente ceder.
O momento do desastre
Testemunhas contam que o barulho foi ensurdecedor. "Parecia um trovão prolongado, seguido de um estrondo seco quando a carreta bateu na água", relata um morador da região que preferiu não se identificar. A verdade é que ninguém esperava que aquela ponte, que já tinha seus anos de estrada, pudesse simplesmente desaparecer do mapa em questão de segundos.
E o pior? O caminhão levava nada menos que defensivos agrícolas — produtos que, em contato com o rio, poderiam causar um desastre ambiental de proporções incalculáveis.
Operação de resgate: um trabalho de formiguinha
O que se viu nos dias seguintes foi uma verdadeira operação de guerra. Equipes do Corpo de Bombeiros, DER-TO e até da empresa responsável pela carga se uniram numa corrida contra o relógio. O objetivo era claro: tirar aquele gigante de aço das águas antes que qualquer vazamento comprometesse o rio.
E olha, não foi nada fácil. "Tivemos que montar uma estratégia praticamente do zero", explica um dos bombeiros envolvidos na operação. "O acesso é complicado, a correnteza não ajuda, e ainda tínhamos que lidar com o risco constante de contaminação."
Usando guindastes de grande porte — aqueles verdadeiros monstros de aço — e muito suor, conseguiram finalmente levantar a carreta na manhã de domingo. Foi um alívio momentâneo, mas a batalha ainda não tinha terminado.
E agora, o que fazer com a ponte?
Enquanto o caminhão era levado para um pátio em Dianópolis, a pergunta que não queria calar era: e a ponte? Como ficam os moradores que dependem daquele trecho?
O DER-TO já está estudando alternativas, mas a realidade é dura — reconstruir uma ponte não é como consertar um buraco na rua. Vai levar tempo, e até lá, a população local terá que se virar com rotas alternativas, muitas vezes bem mais longas.
O que me preocupa, francamente, é que acidentes como esse servem de alerta. Quantas outras pontes pelo Brasil estão na mesma situação? Quantos caminhões carregados além do limite circulam por aí sem o devido controle?
Por enquanto, o alívio é que não houve vítimas fatais — o motorista saiu com ferimentos leves, um verdadeiro milagre — e o rio parece ter sido poupado de uma contaminação em larga escala. Mas a lição ficou: infraestrutura precária e cargas perigosas são uma combinação que pode terminar muito, muito mal.