Pará e Califórnia lançam Vale Bioamazônico após críticas de Trump
Vale Bioamazônico: Pará e Califórnia fecham acordo

O governador do Pará, Helder Barbalho, anunciou nesta segunda-feira (10) uma iniciativa ambiciosa para transformar a região amazônica em um polo de tecnologia e inovação. Em parceria com o estado da Califórnia, será criado o Vale Bioamazônico de Tecnologia, uma versão amazônica do famoso Vale do Silício.

Parceria estratégica contra ausência federal

O acordo de cooperação entre os dois estados acontece em nível subnacional, ou seja, não envolve os governos federais do Brasil e dos Estados Unidos. A parceria foi anunciada pouco antes da chegada do governador californiano Gavin Newsom a Belém, marcada para esta terça-feira.

Em entrevista à VEJA, Helder Barbalho explicou a motivação por trás do projeto: "A ideia é nos conectarmos com o que foi o vale do Silício no início deste século e, a partir da nossa biodiversidade, fazer essa transformação".

O timing do anúncio não é coincidência. Newsom já havia criticado publicamente a ausência de representantes americanos na COP30, classificando a decisão de Trump como "bastante infantil". O democrata destacou que não há "nenhuma representação, nem mesmo um observador" dos EUA no evento climático.

Resposta às críticas de Trump

Mais cedo, o governador paraense havia respondido às críticas do presidente americano Donald Trump sobre a organização da COP30. Através de sua rede social Truth, Trump afirmou que "devastaram a Amazônia para construir rodovias para os ambientalistas viajarem", referindo-se à construção da avenida Liberdade.

O governo do Pará rebateu as acusações, afirmando que a obra foi sustentável e cumpriu toda a legislação ambiental. Helder Barbalho foi além em sua resposta: "Em vez de falar de estradas, o presidente norte-americano deveria apontar caminhos contra as mudanças climáticas".

O governador ainda fez um convite inusitado ao líder americano: "Ele ainda tem 15 dias pra vir tomar um tacacá com a gente e colocar um cheque na mesa de quanto os Estados Unidos estão dispostos a financiar a agenda climática".

Importância do acordo para a política climática

A parceria com a Califórnia é vista como estratégica não apenas pelo governo paraense, mas também pelo governo brasileiro. Os Estados Unidos abandonaram o Acordo de Paris por determinação de Trump e não enviaram delegações para Belém.

Helder Barbalho destacou o papel fundamental dos estados subnacionais na agenda climática: "Os estados subnacionais são muito importantes nesse processo. Aprendemos muito isso de 2019 para cá, quando o Brasil saiu da mesa de negociação e nós tivemos de nos posicionar".

O governador enfatizou que a parceria com a Califórnia representa uma grande oportunidade para avançar nas discussões climáticas, mesmo com a ausência do governo federal americano.

Enquanto isso, Newsom não poupou críticas às recentes decisões comerciais de Trump, classificando as tarifas de 50% impostas ao Brasil como "um dedo do meio" ao país. O democrata ressaltou que o Brasil é "um dos nossos grandes parceiros comerciais" e merece tratamento respeitoso.