A ByteDance, empresa controladora do TikTok, encontrou uma solução estratégica para evitar a proibição da plataforma nos Estados Unidos. A companhia chinesa estabeleceu uma joint venture no mercado americano, com controle majoritário nas mãos de investidores locais, atendendo assim às exigências legais e políticas que ameaçavam o aplicativo.
Estrutura do acordo e divisão acionária
O acordo, avaliado em US$ 14 bilhões, foi construído em resposta a uma lei americana que exigia a venda das operações locais do TikTok, sob alegações de risco à segurança nacional. A pressão partiu também do então presidente Donald Trump. A nova estrutura transfere o controle para um consórcio liderado por empresas americanas: Oracle, Silver Lake e MGX, que juntas concentram metade do capital da joint venture.
A ByteDance manterá uma participação minoritária, inferior a 20%, enquanto um fundo de investimento árabe, que já integrava o negócio em um acordo anterior, fica com 15%. A operação também prevê a transferência de responsabilidades críticas, como a proteção de dados dos usuários, a segurança dos algoritmos e a governança tecnológica, para a nova entidade controlada pelos parceiros americanos.
Uma jogada para conter o efeito cascata
Mais do que garantir a permanência em um mercado vital, a manobra da ByteDance tem um objetivo geopolítico crucial: impedir um efeito cascata regulatório. Um banimento completo nos Estados Unidos poderia servir de precedente para que outros países, especialmente aliados políticos de Washington, adotassem medidas semelhantes, derrubando a empresa em várias praças ao redor do mundo.
Para a controladora do TikTok, o modelo da joint venture evita o pior cenário: a perda total de um dos mercados mais lucrativos do mundo em publicidade digital. Mesmo sem o controle operacional, a empresa chinesa segue participando dos resultados financeiros. Isso ocorre por meio de sua fatia acionária residual e de contratos de licenciamento e prestação de serviços tecnológicos para a nova empresa.
Próximos passos e aprovações pendentes
Embora o acordo já tenha sido assinado, a implementação plena ainda não está concluída. A transferência efetiva do controle e a operação da joint venture dependem do cumprimento de exigências legais e da aprovação final das autoridades regulatórias dos Estados Unidos, um processo que permanece em andamento.
O valor de US$ 14 bilhões é considerado significativamente inferior a estimativas anteriores para o negócio. Analistas apontam que o montante reflete tanto as restrições regulatórias impostas quanto o cálculo de risco associado a operar sob intensa pressão política e legal no país. A estratégia, portanto, representa um alívio cauteloso para a ByteDance, que consegue preservar parte relevante da rentabilidade e sua presença global, ainda que a um custo elevado: a perda do controle direto sobre suas operações nos EUA.
