A Apple removeu dois aplicativos de namoro voltados para o público LGBTQIA+ de sua loja virtual na China, atendendo a uma ordem direta das autoridades de censura do país asiático. A medida aconteceu nesta terça-feira, 11 de novembro de 2025, e afetou os apps Blued e Finka, que desapareceram dos smartphones dos usuários durante o final de semana.
Apple confirma remoção por ordem governamental
Em comunicado oficial, a multinacional de tecnologia confirmou que a retirada dos aplicativos foi motivada por uma determinação específica da Administração do Ciberespaço da China. A Apple afirmou que está sujeita à legislação dos países onde opera, justificando assim a decisão de acatar a ordem das autoridades chinesas.
A empresa também esclareceu que os aplicativos já estavam indisponíveis em outras lojas virtuais do país, indicando que a medida faz parte de uma ação mais ampla do governo chinês. A confirmação da Apple veio após a emissora americana CNBC divulgar as informações sobre o caso.
Histórico de censura a aplicativos LGBTQIA+ na China
Esta não é a primeira vez que a China toma medidas contra aplicativos de namoro para o público LGBTQIA+. Em 2022, o popular app Grindr já havia sido removido da loja iOS, pouco depois do início de uma campanha governamental contra conteúdos considerados "inapropriados".
O contexto de repressão à comunidade LGBTQIA+ no país tem se intensificado nos últimos anos. Pequim vem fechando locais importantes de apoio ao grupo, como o Centro LGBT+ de Pequim, que era uma referência na defesa dos direitos dessa comunidade.
Apesar de ter descriminalizado a homossexualidade na década de 1990, a China ainda não reconhece o casamento entre pessoas do mesmo sexo, mantendo uma posição conservadora em relação aos direitos LGBTQIA+.
Expansão do controle digital na China
As medidas de controle do ambiente digital na China vêm se expandindo sistematicamente. Em 2023, o governo chinês implementou uma nova regra exigindo que todos os aplicativos voltados ao público interno se registrassem junto às autoridades locais para obter uma licença de operação.
Como consequência dessa política, houve uma remoção em massa de aplicativos estrangeiros da loja iOS chinesa. Em 2024, foi a vez de WhatsApp e Threads serem banidos, sob alegações de preocupação com a segurança nacional.
Os órgãos reguladores chineses têm apelado diretamente às empresas responsáveis pelas plataformas para removerem aplicativos devido a problemas em seu conteúdo. A Apple, que tem na China seu maior mercado consumidor fora dos Estados Unidos, tem atendido prontamente a essas determinações.
O episódio envolvendo os aplicativos Blued e Finka representa mais um capítulo na escalada de censura e controle digital por parte do governo chinês, com impactos diretos sobre a liberdade de expressão e os direitos da comunidade LGBTQIA+ no país.