Nikolas Ferreira lidera boicote bolsonarista às Havaianas após campanha com Fernanda Torres
Boicote bolsonarista às Havaianas por campanha política

O deputado federal Nikolas Ferreira, do PL, protagonizou mais um capítulo de embates culturais e políticos nas redes sociais ao convocar um boicote contra a marca de sandálias Havaianas. O motivo foi o lançamento de uma nova campanha publicitária estrelada pela atriz Fernanda Torres.

O início da polêmica nas redes sociais

No domingo, 21 de dezembro de 2025, o parlamentar utilizou sua conta no X, antigo Twitter, para se manifestar contra a propaganda. A peça publicitária, que já gerava debates online, foi alvo de crítica direta do político, que fez um trocadilho com o famoso slogan da marca.

Em tom de deboche ao lema "Havaianas: todo mundo usa", Nikolas Ferreira escreveu: "Havaianas, nem todo mundo agora vai usar". A publicação foi uma forma clara de protesto e um chamado para que apoiadores aderissem ao boicote.

O conteúdo da campanha que gerou reação

O cerne da controvérsia está na fala de Fernanda Torres no comercial. A atriz declara: "Desculpa, mas eu não quero que você comece 2026 com o pé direito. Não é nada contra a sorte. Mas, vamos combinar, sorte não depende de você, depende de sorte".

Ela continua: "O que eu desejo é que você comece o ano novo com os 2 pés. Os 2 pés na porta, os 2 pés na estrada, os 2 pés na jaca, os 2 pés onde você quiser. Vai com tudo, de corpo e alma, da cabeça aos pés".

Para setores bolsonaristas e de direita, a mensagem foi interpretada como um posicionamento político de oposição. A expressão "começar com o pé direito" é tradicionalmente associada a bons presságios, mas também é um termo coloquialmente ligado à ideologia de direita no Brasil. Assim, o desejo de começar com "os dois pés" foi lido como uma crítica indireta a esse espectro político.

Repercussão e polarização online

A postagem do deputado rapidamente viralizou, acendendo ainda mais o debate que já ocorria nas plataformas digitais. A estratégia de boicote sugerida por Nikolas Ferreira se alinha a um padrão de ações semelhantes adotadas por grupos bolsonaristas contra empresas consideradas opositoras.

A marca Havaianas, um símbolo nacional e tradicionalmente apartidária em suas comunicações, viu-se no centro de uma disputa político-cultural. A campanha com Fernanda Torres, que tem um tom de empoderamento e ação, foi o estopim para a reação organizada.

O episódio ilustra como campanhas publicitárias e marcas consagradas podem ser arrastadas para o centro da polarização política no Brasil. A reação do deputado federal demonstra a sensibilidade de certos grupos a mensagens que, mesmo não sendo explicitamente partidárias, são interpretadas através de um viés ideológico.

As consequências deste chamado ao boicote para a imagem e as vendas da Havaianas ainda são incertas. No entanto, o caso já se configura como mais um exemplo da intensa guerra cultural travada nas redes sociais brasileiras, onde produtos e slogans são constantemente ressignificados no embate político.