Foguete comercial sul-coreano explode após lançamento no Brasil
Foguete comercial explode após lançamento no Brasil

O primeiro lançamento de um foguete comercial a partir do território brasileiro terminou em falha na noite de segunda-feira (22). O veículo sul-coreano HANBIT-Nano, operado pela empresa Innospace, sofreu uma anomalia técnica cerca de 30 segundos após a decolagem da Base de Alcântara, no Maranhão, e explodiu no ar, transformando-se em uma bola de fogo.

Três adiamentos e uma missão interrompida

A missão, batizada de Operação Spaceward, enfrentou um histórico de adiamentos antes mesmo de tentar alcançar o espaço. Inicialmente programado para 22 de novembro, o lançamento foi remarcado para o período entre 17 e 22 de dezembro após avaliações técnicas.

O primeiro adiamento dentro dessa janela ocorreu em 17 de dezembro, devido a uma anomalia no sistema de resfriamento do primeiro estágio. Dois dias depois, em 19 de dezembro, uma nova inspeção técnica em uma válvula do tanque de metano líquido do segundo estágio forçou outro atraso.

Finalmente, na noite do dia 22, às 22h13, o foguete decolou. No entanto, a transmissão ao vivo mostrou a mensagem "We experienced an anomaly during the flight" (Vivenciamos uma anomalia durante o voo) pouco mais de um minuto após a decolagem, seguida pela interrupção do sinal.

Anomalia e procedimentos de segurança acionados

O CEO da Innospace, Kim Soo-jon, explicou que a anomalia foi detectada 30 segundos após o lançamento. Diante da falha, a empresa acionou o protocolo de segurança, que incluiu a queda controlada do veículo dentro da zona de segurança terrestre da Base de Alcântara.

Em carta divulgada na terça-feira (23), Kim Soo-jon pediu desculpas pelo insucesso, mas ressaltou que não houve danos a pessoas, embarcações ou instalações. Ele afirmou que todos os procedimentos de segurança foram executados conforme o planejado e dentro dos padrões internacionais.

Equipes da Força Aérea Brasileira (FAB) e do Corpo de Bombeiros do Comando de Lançamento foram enviadas ao local para avaliar os destroços e a área do impacto, que ocorreu dentro dos limites da base.

Objetivos da missão e um passado trágico

O voo não era tripulado e tinha como objetivo principal colocar em órbita uma carga útil com equipamentos para coleta de dados ambientais, testes de comunicação, monitoramento solar e validação de tecnologias de navegação.

O incidente traz à memória o maior desastre espacial da história do Brasil, ocorrido no mesmo Centro de Alcântara em 22 de agosto de 2003. Na ocasião, a explosão do foguete VLS-1 durante os preparativos matou 21 civis. Após a tragédia, a base implementou novas e rigorosas medidas de segurança, incluindo a inauguração de uma nova Torre Móvel de Integração em 2012.

As causas exatas da falha do foguete HANBIT-Nano ainda não foram divulgadas pelas autoridades ou pela Innospace. A empresa sul-coreana e a FAB devem conduzir uma investigação detalhada para entender a anomalia que interrompeu este marco para a indústria espacial comercial no Brasil.