
Eis que a esperança de milhões de brasileiros que aguardavam por tratamentos modernos contra obesidade esbarra na burocracia estatal. A CONITEC - aquela comissão técnica do Ministério da Saúde - simplesmente travou a incorporação de dois medicamentos que estão dando o que falar: Wegovy e Saxenda.
Não foi por falta de debate, acreditem. A discussão rolou solta durante reunião extraordinária na última quarta-feira (20/08). Mas no final das contas, prevaleceu o não. Um não que ecoa pelos consultórios médicos e pelas casas de quem precisa.
Ah, e tem mais: a própria Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde do ministério havia dado sinal verde para a avaliação. Mas a CONITEC, sabe como é… seguiu outro caminho.
O que dizem os especialistas?
Os técnicos foram diretos: falta evidência científica robusta que justifique colocar esses remédios no SUS. O relatório final - aquele documento que decide destinos - apontou "incertezas sobre eficácia e segurança em longo prazo".
E os números? Bem, a conta não fechou. Estamos falando de um custo adicional de R$ 2,6 bilhões só no primeiro ano. Algo em torno de R$ 9.400 por paciente anualmente. Um rombo e tanto para os cofres públicos.
Não bastasse isso, a comissão levantou outra questão espinhosa: será que o sistema de saúde está preparado para oferecer toda a estrutura necessária? Porque não adianta só entregar a medicação e deixar o paciente à própria sorte.
E agora, José?
Quem depende exclusivamente do SUS para tratar obesidade severa continua com as opções atuais. A decisão mantém o status quo - e isso é, no mínimo, frustrante para a comunidade médica que acompanha os avanços internacionais.
Particularmente, acho curioso como essas discussões técnicas sempre esbarram na realidade financeira. Será que o custo-benefício foi realmente analisado considerando os gastos que o SUS já tem com doenças associadas à obesidade?
O diabetes não espera. A hipertension arterial não dá trégua. E as articulações sob excesso de peso? Cada dia é uma batalha.
Enquanto isso, nas farmácias privadas, esses medicamentos seguem com preços proibitivos para a maioria da população. Uma caixa pode custar mais que o salário mínimo. Ironia ou tragédia?
O debate está longe de acabar. Esta decisão da CONITEC certamente não é o último capítulo dessa história. A pressão de associações médicas e de pacientes tende a aumentar. E o ministério vai ter que se virar nos trinta para responder.
Para quem precisa desses medicamentos, a espera continua. E a pergunta que não quer calar: até quando?