Era uma tarde como qualquer outra em Anapu, no interior do Pará, até que o destino pregou uma peça cruel. Uma mulher — nome ainda não divulgado — sofreu um acidente e foi levada às pressas para o Hospital Municipal. Mas o que deveria ser um local de esperança transformou-se num cenário de desespero.
Duas horas. Cento e vinte minutos. Sete mil e duzentos segundos de agonia. Esse foi o tempo que a vítima esperou por atendimento, segundo relatos de testemunhas. Quando finalmente a chamaram, já era tarde demais.
Sistema de saúde em colapso
O caso escancara o que os moradores já sabem há tempos: a saúde pública na região está à beira do caos. "É sempre assim", desabafa uma enfermeira que preferiu não se identificar. "Faltam médicos, faltam leitos, faltam até luvas."
Enquanto isso, na recepção do hospital, a cena era de desorganização total. Pacientes com dores insuportáveis se contorciam em cadeiras plásticas. Familiares desesperados corriam de um lado para outro. E o tempo — esse algoz silencioso — ia consumindo vidas a cada minuto perdido.
As perguntas que ficam
Como pode um município deixar seus cidadãos morrerem na porta do hospital? Quem será responsabilizado por essa tragédia anunciada? O secretário de saúde local prometeu "apurar os fatos", mas a população já está cansada de promessas vazias.
Enquanto as autoridades discutem protocolos, uma família chora a perda irreparável. E em Anapu, a pergunta que não quer calar é: quem será a próxima vítima desse sistema que parece ter virado as costas para quem mais precisa?
