O centro cirúrgico do Hospital Regional de Samambaia, no Distrito Federal, completa três meses fechado para reformas sem data definida para retomar suas atividades. A unidade foi interditada em agosto com previsão inicial de 45 dias para conclusão das obras, mas até esta terça-feira (25) ainda aguardava a finalização dos trabalhos.
Promessa de reabertura e ampliação
O governo do Distrito Federal afirmou que a reabertura está "prestes a ocorrer", mas não apresentou uma data concreta para o retorno do serviço. De acordo com a Secretaria de Saúde, quando o centro cirúrgico for reativado, sua capacidade será ampliada em 50% em comparação com a situação anterior às reformas.
Em entrevista divulgada nesta terça-feira, a administradora da região de saúde Sudoeste, Izabela Alves, explicou que ainda faltam "ajustes finais" na obra. "Os equipamentos das novas salas mais específicas já estão em produção e chegarão em breve. Como são equipamentos confeccionados sob medida, não podem simplesmente ser instalados, pois exigem gabarito, medições precisas e montagem técnica especializada", declarou.
Impacto nos pacientes e no sistema de saúde
Com o fechamento do centro cirúrgico em agosto, todas as cirurgias foram suspensas e pacientes e equipe médica foram transferidos para o Hospital Regional de Taguatinga (HRT). A transferência agravou a situação de superlotação que já existia na unidade de Taguatinga.
Imagens enviadas à TV Globo mostraram a situação crítica vivenciada pelos pacientes. Na ala ortopédica do HRT, pelo menos duas pessoas eram vistas dormindo no chão. Os relatos dos pacientes apontavam dificuldade para conseguir atendimento adequado.
Um dos casos mais graves mostrou uma acompanhante tendo que fazer o curativo no pé de outro paciente utilizando uma fralda descartável como material. Segundo os relatos, isso ocorreu após a recusa da equipe hospitalar em prestar atendimento ao homem que necessitava do procedimento.
Falta de aviso prévio e prazo descumprido
Um servidor do Hospital Regional de Samambaia revelou que não houve aviso prévio da direção sobre a suspensão dos trabalhos no centro cirúrgico. As obras, que deveriam ter sido concluídas na primeira semana de outubro, já ultrapassam em mais de um mês o prazo inicialmente estabelecido.
Na época do fechamento, a Secretaria de Saúde informou apenas "que a equipe de atendimento foi reforçada com profissionais do HRSam", mas não detalhou como seria feita a compensação pela perda da capacidade cirúrgica da unidade de Samambaia.
A situação evidencia os problemas crônicos na saúde pública do Distrito Federal, com unidades superlotadas e pacientes enfrentando dificuldades para receber atendimento adequado, enquanto obras de infraestrutura hospitalar sofrem com atrasos significativos.
