
Um dado que escancara uma realidade preocupante: o número de jovens diagnosticados com câncer colorretal no Hospital de Base de São José do Rio Preto simplesmente dobrou nos últimos anos. E olha que não estamos falando de casos isolados — a curva ascendente vem tirando o sono de gastroenterologistas da região.
"É assustador", confessa o Dr. Renato Alves, coloproctologista que atua no hospital. "Quando entrei na residência, via dois ou três casos por ano em pacientes abaixo dos 40. Agora? São dez, doze... E muitos já chegam em estágios avançados."
O que está por trás desse boom?
Os médicos apontam um coquetel explosivo:
- Fast-food virou religião — gerações inteiras trocaram arroz e feijão por hambúrgueres ultraprocessados
- Sofá é o novo escritório — pandemia acelerou o sedentarismo crônico
- Check-up? Só quando dói — cultura de prevenção ainda é frágil entre jovens
E tem mais: "Notamos um padrão nos históricos", revela a oncologista Dra. Fernanda Campos. "Pacientes que desde a adolescência convivem com constipação intestinal e ignoram os sinais por anos."
Sintomas que não podem esperar
Sangue nas fezes? "Ah, deve ser hemorroida", pensa o jovem. Alteração no ritmo intestinal? "Stress do trabalho". Eis o problema — a naturalização de sintomas que, em outros países, já levariam direto ao proctologista.
Os especialistas são categóricos: qualquer mudança persistente no hábito intestinal merece investigação. Principalmente se acompanhada de:
- Perda de peso inexplicável
- Cólicas abdominais frequentes
- Sensação de evacuação incompleta
"A geração millennial está pagando o preço por achar que é invencível", comenta uma enfermeira que preferiu não se identificar. "Ontem mesmo atendi um rapaz de 32 anos que só veio quando já não aguentava mais as dores."
Prevenção: a saída está no prato (e no tênis)
Enquanto a ciência busca respostas mais concretas, o consenso é claro: voltar às origens. Mais fibras, menos embutidos. Mais caminhadas, menos Netflix. Simples? Na teoria. Na prática, exige uma revolução nos hábitos de uma geração acostumada à instantaneidade.
O hospital já prepara campanhas de conscientização nas universidades. "Temos que falar a língua deles", justifica a diretora de comunicação. "Influenciadores digitais, podcasts, até memes — o importante é que a mensagem chegue."
Porque, convenhamos: ninguém espera ter câncer aos 30. Mas e se o corpo estiver dando sinais? Melhor ouvir enquanto há tempo.