Anvisa suspende importação de canetas emagrecedoras: 175 apreendidas em MS
Anvisa suspende importação de canetas emagrecedoras

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) mantém a suspensão da importação das chamadas "canetas emagrecedoras", e uma nova apreensão de grande volume reforça a fiscalização na fronteira. Neste sábado (20), a Polícia Militar Rodoviária (PMRv) apreendeu 175 unidades desses medicamentos de origem estrangeira durante uma operação de rotina no estado de Mato Grosso do Sul.

Operação na fronteira apreende produtos sem registro

A ação ocorreu na rodovia MS-164, em Ponta Porã, cidade que faz divisa com o Paraguai. Os policiais realizavam uma blitz em frente à Base Operacional de Aquidabã quando abordaram um veículo de passeio. Dentro do carro, foi encontrada uma grande quantidade de mercadorias sem comprovação de importação legal, que incluíam itens de perfumaria, informática, mecânica e, principalmente, medicamentos.

O material foi considerado irregular por não ter autorização da Anvisa para ser comercializado no território brasileiro. O veículo, todos os produtos e os envolvidos foram encaminhados à Delegacia da Polícia Federal para as devidas providências legais.

Detalhes dos medicamentos apreendidos

Entre os 175 itens confiscados, a maioria eram canetas emagrecedoras contendo substâncias como tirzepatida. A apreensão foi detalhada da seguinte forma:

  • 115 unidades de Lipoless 15 mg
  • 32 unidades de TG 15 mg
  • 25 unidades de Tirzec 15 mg
  • 1 unidade de Lipoless 10 mg
  • 1 unidade de Lipoless 5 mg
  • 2 unidades de Retatrutide Loss

Todos os medicamentos apreendidos serão destruídos, conforme determina a legislação sanitária brasileira.

Mercado ilegal milionário em expansão

A apreensão em Ponta Porã não é um caso isolado. Ela acontece em meio ao aumento das fiscalizações após a proibição específica da Anvisa, que completou um mês exatamente no dia da operação. Desde que a medida entrou em vigor, mais de 1,5 mil embalagens de canetas emagrecedoras paraguaias já foram apreendidas apenas em Mato Grosso do Sul.

O estado é uma rota estratégica entre Paraguai e Bolívia para esse comércio ilegal. Dados preliminares da Receita Federal apontam que, em apenas três meses, o valor dos produtos apreendidos no estado ultrapassou a marca de R$ 1 milhão. Os órgãos de fiscalização avaliam que os números indicam um mercado milionário em expansão, ainda que os produtos sejam relativamente novos no cenário ilegal e não tenham uma classificação técnica definitiva.

A expectativa é que, a partir de 2026, os dados estejam mais consolidados e seja possível medir com mais precisão o impacto real da decisão da Anvisa de barrar a entrada desses produtos.

Riscos graves à saúde da população

A Anvisa alerta que o uso desses produtos representa sérios riscos à saúde pública. Por não terem registro no país, eles não passam pelo controle de qualidade da agência, o que significa que sua segurança, eficácia e qualidade não são garantidas.

Entre os perigos estão a possibilidade de falsificação, adulteração da fórmula, dosagem incorreta e a falta de informações adequadas em português na bula. A má compreensão das instruções pode levar a erros graves na administração do medicamento, colocando a vida do usuário em risco.

Vale ressaltar que, em situações normais, medicamentos sem registro podem ser importados para uso pessoal, mediante prescrição médica e cumprindo uma série de exigências. No entanto, quando a Anvisa publica uma proibição específica, como foi o caso dos agonistas de GLP-1 (a classe das "canetas emagrecedoras"), a importação fica suspensa em qualquer modalidade, sem exceções.

Os medicamentos regulados e aprovados para venda no Brasil, por outro lado, seguem regras rígidas: comercialização apenas com prescrição médica e com retenção da receita, além de total monitoramento de eventuais reações adversas pelo detentor do registro.