Imagine conviver quase uma década com uma dor que você acredita ser enxaqueca, mas que na verdade é algo completamente diferente - e muito mais intenso. Foi exatamente isso que aconteceu com um curitibano que preferiu não se identificar, mas cuja história pode iluminar muitas pessoas que sofrem em silêncio.
Nove anos. Trinta e três estações passando. Mais de três mil dias achando que aquela dor lancinante era "apenas" enxaqueca. Até que um neurologista especializado finalmente colocou o dedo na ferida: cefaleia em salvas. O nome pode não dizer muito para leigos, mas para quem conhece, é sinônimo de uma das experiências mais dolorosas que um ser humano pode enfrentar.
Não é "só" dor de cabeça
Enquanto a enxaqueca geralmente traz uma dor latejante que pode durar dias, a cefaleia em salvas é outra história completamente. Ela chega de repente, como um raio em céu azul, e se concentra em apenas um lado do rosto - normalmente ao redor do olho ou da têmpora. A intensidade? Quem já passou por isso descreve como alguém enfiando uma agulha quente no olho, repetidamente.
"Eu chegava a bater a cabeça na parede, de tanta dor", confessou o paciente em entrevista. "Nada dos remédios comuns fazia efeito. Vivia à base de analgésicos fortes, que nem sempre funcionavam."
Os sinais que passaram despercebidos
Olhando para trás, alguns sintomas eram claramente diferentes de uma enxaqueca comum:
- A dor sempre do mesmo lado, nunca alternando
- Olho vermelho e lacrimejante do lado afetado
- Nariz entupido ou escorrendo apenas de uma narina
- Inquietação extrema - a pessoa não consegue ficar parada
- Crises que duram de 15 minutos a 3 horas, como relógio
O curitibano lembra que as crises frequentemente o acordavam no meio da noite, sempre praticamente no mesmo horário. "Era como se meu corpo tivesse um alarme interno para a dor", desabafa.
O alívio veio com o diagnóstico correto
Quando finalmente recebeu o diagnóstico preciso, tudo mudou. O tratamento específico para cefaleia em salvas inclui oxigênio inalatório - sim, oxigênio puro - durante as crises, além de medicamentos preventivos que realmente funcionam para essa condição.
"A primeira vez que usei oxigênio durante uma crise, foi milagroso", relata emocionado. "Em quinze minutos a dor simplesmente sumiu. Eu não acreditava."
Um alerta para quem sofre
O caso do curitibano serve como um sinal de alerta. Muitas pessoas podem estar sendo tratadas erroneamente para enxaqueca quando na verdade têm cefaleia em salvas. A diferença no tratamento é abismal - o que funciona para uma condição pode ser inútil para outra.
Se você se identifica com esses sintomas, especialmente aquela dor unilateral insuportável que te deixa agitado, procure um neurologista. Esclarecer o diagnóstico pode significar a diferença entre continuar sofrendo anos a fio e recuperar o controle da sua vida.
Afinal, ninguém merece perder quase uma década achando que está tratando a coisa certa, quando na verdade a solução pode estar num caminho completamente diferente.
