Aos 65 anos, aposentada vira motorista de aplicativo e descobre antídoto contra depressão: 'Trabalhar me revitaliza'
Aposentada vira motorista de app e vence depressão

Quem vê Maria Aparecida Rodrigues, 65 anos, conduzindo seu carro pelas ruas de Ribeirão Preto com a destreza de quem tem metade da sua idade, nem imagina a revolução silenciosa que acontece ali dentro do veículo. A aposentada, que poderia estar curtindo o descanso merecido após décadas de trabalho, escolheu um caminho diferente - e olha que diferença!

"No começo foi por necessidade financeira, não vou mentir", admite ela, com aquela franqueza típica de quem já viveu bastante. "Mas rapidinho percebi que ganhava muito mais do que dinheiro."

O vazio que ninguém conta

A transição para a aposentadoria, aquela fase que todo mundo sonha, se revelou um poço de solidão para Maria. As paredes de casa pareciam se fechar, os dias se arrastavam intermináveis. "Fiquei deprimida, sem ânimo pra nada", confessa. "Acordava e pensava: e agora, o que faço com mais um dia?"

Foi quando seu filho, vendo a situação se agravar, sugeriu que ela experimentasse dirigir para um aplicativo. A princípio, a ideia soou absurda. "Eu, velha, no volante, disputando trânsito com jovens?"

A descoberta que mudou tudo

Mas eis que aconteceu algo mágico. Ao pegar a estrada, Maria redescobriu não só a cidade onde sempre morou, mas também a si mesma. Cada passageiro virou uma nova história, cada viagem uma pequena aventura.

"Conheço gente de todo tipo", entusiasma-se. "Já transportei desde estudantes até empresários, e cada um me ensina algo. Me sinto útil, viva, parte do mundo."

O que era para ser um bico virou terapia - e das boas. A depressão, que antes ameaçava dominar seus dias, recuou diante da rotina movimentada e dos encontros inesperados.

Rotina que energiza

Maria estabeleceu uma jornada que funciona para ela: trabalha principalmente nos horários de pico, quando a demanda é maior. "Evito a madrugada, claro. Não sou mais uma mocinha", brinca.

Mas o que realmente impressiona é a energia que transborda. "Volto pra casa cansada, sim, mas é um cansaço gostoso, daqueles que vem quando você fez algo que vale a pena."

Lição de vida sobre quatro rodas

Seu exemplo desafia preconceitos sobre envelhecimento e capacidade. Enquanto muitos acreditam que a terceira idade é tempo de recolhimento, Maria prova que pode ser justamente o contrário.

"As pessoas me perguntam se não tenho medo, se não é perigoso. Mas perigoso é ficar em casa definhando, deixando a vida passar", reflete. "Aqui eu tomo minhas precauções, escolho bem os lugares, e sigo em frente."

Seu conselho para outros aposentados? "Não se entreguem. O mundo precisa da nossa experiência, da nossa calma, da nossa história. Tem tanto ainda pra fazer!"

Enquanto dirige, Maria não leva apenas passageiros - carrega consigo uma lição poderosa sobre reinvenção, coragem e a arte de encontrar propósito nos lugares mais inesperados. E no banco do motorista, quem diria, encontrou o próprio lugar ao volante da vida.